US Open, Dia 5: Nadal diz adeus ao torneio; Serena sobrevive a susto

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Épico. Fantástico. Histórico. Foi assim o encontro entre Rafael Nadal e Fabio Fognini sob os holofotes do Artur Ashe Stadium. Uma maratona de quase quatro horas que encerrou uma jornada onde brilharam também Novak Djokovic, Marian Cilic, Serena Williams e Madison Keys.

Vamos por partes.

Annus horribilis para Nadal continua

No melhor encontro do dia (e, arriscamos, do torneio), Fabio Fognini conseguiu a proeza de bater Rafael Nadal depois de ter cedido os dois primeiros sets, num encontro electrizante e muito bem jogado de parte a parte. Foi o espanhol quem começou melhor o encontro e ganhou naturalmente os dois primeiros sets. Parecia que nos encaminhávamos para mais uma vitória tranquila do ex-número 1 mundial quando a ‘besta’ acordou.

Depois de estar a perder por dois sets e um break abaixo no terceiro, Fognini, que este ano já tinha derrotado Nadal em duas ocasiões (Rio de Janeiro e Barcelona) mas chegava ao Open dos Estados Unidos com sete derrotas consecutivas nos hard courts norte-americanos, foi até Lourdes e o milagre deu-se: 3-6 4-6 6-4 6-3 6-4 para o italiano.

Foram três sets seguidos para o italiano, o último dos quais disputado a um nível estratosférico, que terminou o encontro com 70 winners contra “apenas” 53 erros não forçados. E não foram só rallys longos de fundo de court que fizeram levantar o estádio. Rafael Nadal mostrou mais uma vez que é um tenista extremamente duro de ser batido e o italiano precisou de dar tudo para vencer o encontro. E deu. Até na rede, onde ganhou 39(!) das 54 investidas.

Fica assim gorada a possibilidade dum encontro entre Nadal e Djokovic nos quartos-de-final (já para não falar da “final-por-cumprir” entre o espanhol e Roger Federer), que pela primeira vez na carreira desperdiçou uma vantagem de dois sets a zero num torneio do Grand Slam (151-0). Mais, o espanhol vê interrompida a sua série de 10 anos consecutivos sempre a vencer pelo menos um Major. Já o italiano terá agora pela frente outro espanhol, o madrileno Feliciano López, que deu seguimento ao seu bom momento de forma e afastou o canadiano Milos “Míssel” Raonic por 6-2, 7-6(4) e 6-3.

França ou Espanha?

Foram duas as ‘batalhas’ franco-hispânicas que animaram os courts de Flushing Meadows na jornada de ontem, com a vitória a sorrir sempre aos gauleses. Jeremy Chardy (7–6(6), 4–6, 6–3, 6–1 frente a David Ferrer) e Benoit Paire (7-6(3), 6-1, 6-1 frente a Tommy Robredo) alcançaram assim, pela primeira vez nas respectivas carreiras, a quarta-ronda do Open dos Estados Unidos, deixando Marin Cilic como o único jogador do top 15 no caminho de Novak Djokovic até à final.

O sérvio venceu Andreas Seppi por 6-3, 7-5 e 7-5, num jogo sem grande história. Djokovic não encontrou grande resistência no italiano e podia até ter fechado o encontro mais cedo, quando serviu a 5-4 no terceiro set. Não o conseguiu à primeira (e com dupla faltas à mistura), mas fê-lo à segunda tentativa e, em pouco menos de duas horas e meia, carimbou o passaporte para a quarta-ronda do torneio.

Marin Cilic viu-se forçado a jogar cinco sets para se ‘desenvencilhar’ do cazaque Mikhail Kukushkin (6-7(7-5), 7-6(1), 6-3, 6-7(7-3), 6-1). Num encontro muito equilibrado durante os quatro primeiros sets, foi o cazaque o primeiro a ceder e permitir que Cilic fugisse no marcador no último e decisivo parcial. Continua assim vivo o sonho do croata em renovar o título, ele que cedeu pela primeira vez um set em Nova Iorque, enquanto Kukushkin se despede do torneio após outra ‘maratona’. Não houve pernas para mais.

Ainda do lado masculino, nota para mais uma desistência. Desta vez a vítima do calor e humidade em Nova Iorque foi o belga David Goffin.

Serena vence, mas não convence

Não tem sido nada fácil o percurso de Serena Williams em Flushing Meadows. Depois da exibição pouco convincente na ronda anterior, a norte-americana viu-se forçada a mais uma “cambalhota” no marcador, desta vez contra a carismática Bethanie Mattek-Sands. Williams cometeu 28 erros-não-forçados, voltou a cometer muitas duplas-faltas e viu Mattek-Sands jogar um ténis quase perfeito durante os dois primeiros sets.

Encostada às cordas, e quando já se adivinhava um tiebreak para resolver o segundo parcial, a mais cotada das norte-americanas mostrou por que é a número 1 do mundo. Serena alinhou 8(!) jogos consecutivos e acabou por vencer o encontro por 3-6, 7-5 e 6-0. E o sonho continua.

Na próxima ronda, Serena irá jogar com Madison Keys, que ontem vingou a derrota sofrida nos quartos-de-final de Wimbledon frente a Agnieszka Radwanska. E foi uma vitória contundente da norte-americana (6-3 e 6-2), perante uma Radwanska que liderava o frente-a-frente por 4-0. Há uma primeira vez para tudo portanto. Também em frente segue outra norte-americana, e outra Williams, Venus, que derrotou Belinda Bencic por 6-3 e 6-4. Foi uma vitória “sem espinhas” da veterana norte-americana (que tem quase o dobro da idade de Bencic, 35 contra 18) que assim continua a alimentar as esperanças de defrontar a irmã, Serena, nos quartos-de-final. E porque não?

Do qualifying para a quarta-ronda

Quem também segue em frente é a canadiana Eugenie Bouchard. Frente a Dominika Cibulkova — regressada ao circuito em Junho, após quatro meses afastada por conta duma lesão no tendão de Aquiles –, a canadiana mostrou-se a um bom nível e venceu por 7-6(9), 4-6 e 6-3. Depois duma época “miserável”, Bouchard parece ter-se reencontrado na capital norte-americana e já está na quarta-ronda, igualando a sua melhor prestação (4R em 2014).

E já ouviu falar de Anett Kontaveit? A estoniana, de apenas 19 anos e número 152 do mundo, venceu a norte-americana Madison Brengle por 6-2, 3-6, 6-0 e está pela primeira vez na sua (ainda curta) carreira na segunda semana de um Grand Slam. Ela que começou a competir nos courts do USTA Billie Jean King National Tennis Center na semana passada, durante a fase de qualificação, torna-se assim na quarta qualifier em três anos a atingir a segunda semana do Open dos Estados Unidos, depois de Giorgi em 2013, e Krunic e Lucic em 2014.

Para a jornada deste sábado, feriado nos Estados Unidos, o cartaz inclui Simona Halep, Petra Kvitova, Victoria Azarenka (frente a Angelique Kerber) e ainda Roger Federer e Andy Murray.

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Natural do Porto. Formada em Biologia pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e atualmente a tirar o doutoramento em Ecologia Florestal na Universidade Católica de Leuven, na Bélgica. Entusiasta de ténis a tempo inteiro.

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