É possivelmente a medida mais unânime do ténis nacional nos últimos anos. A aposta na realização de torneios internacionais em Portugal para o ano de 2017 agrada a jogadores, treinadores e promotores. O Ténis Portugal esteve à conversa com vários dos protagonistas do ténis nacional, que enumeraram as várias vantagens da realização de 32 torneios internacionais em Portugal durante este ano.
Redução de custos, maior acompanhamento dos técnicos, alargamento da base de recrutamento de jogadores portugueses a lutar pelo profissionalismo, são algumas das vantagens enumeradas por todos com quem o Ténis Portugal conversou sobre este reforço de eventos internacionais em Portugal.
Frederico Gil, a disputar o calendário Future em busca de subir no ranking novamente, diz que no seu caso, “que adoro jogar em casa”, esta é uma grande ajuda, devido ao “menor número de viagens, à comida, ao clima e aos amigos e familiares, mas também à presença de treinadores que agora fica muito mais facilitada”.
João Monteiro, que este ano integra o Centro de Alto Rendimento, destaca também a presença da família e amigos, o que considera “muito importante”, acreditando ainda que esta é uma oportunidade de ouro para os mais jovens, que podem agora “jogar torneios de categoria Future com mais frequência visto que com os estudos e com os torneios juniores o tempo fica escasso para disputar Futures “lá fora“. Para o jovem tenista nacional, agora resta aos tenistas “aproveitar a oportunidade”, para que nos próximos anos o número possa ainda aumentar mais.
O coordenador técnico nacional, Rui Machado, refere também a parte escolar, ao dizer que o aumento de torneios, “facilita a conciliação da escola com a competição, porque nas idades escolares a maioria dos atletas ainda jogam as fases de qualificação que se disputam durante o fim de semana e sendo Portugal um país pequeno, permite voltar a casa todas as semanas e assim faltar muito menos ás aulas”.
Pedro Sousa, que este ano já não vai disputar muitos torneios desta categoria, acredita também que “jogar em casa a este nível é uma grande ajuda em termos económicos e motivacionais”, sendo também uma forma de “aumentar o número e o nível dos nossos jogadores”.
Técnicos com mais possibilidades de acompanharem os seus pupilos
Também os técnicos reconhecem as inúmeras vantagens no acréscimo de torneios de categoria Future. Emanuel Couto, director técnico do Clube Campo Quinta da Moura, que tem nos seus quadros vários tenistas em inicio de carreira profissional, reconhece que os tenistas têm agora “várias oportunidades para evoluir, aumentar a sua experiência neste nível de torneios, ganhar os primeiros pontos ATP e noutros casos até consolidarem subidas significativas no ranking sem terem que se deslocar ao estrangeiro” e que “em termos financeiros fica também muito mais viável para mais atletas poderem apostar numa carreira profissional, já que acabam por poupar muito nas deslocações, alimentação e hotéis”.
O acompanhamento técnico fica também mais facilitado, visto que com vários jogadores a competir em torneios desta categoria, “conseguimentos dar um acompanhamento ainda mais alargado aos nossos tenistas”.
A par disso, o técnico português sublinha ainda que “para os treinadores que também não têm muita experiência a este nível, será também uma forma de a adquirirem e assim melhorarem as suas competências” e que “para os treinadores que já tinham que passar várias semanas fora do país com os seus atletas, também fica claramente facilitado por poderem passar mais tempo em casa”.
Opinião idêntica tem Rui Machado, ex top-100 ATP, que a par da vertente financeira, tem ainda uma visão mais alargada deste projecto da Federação Portuguesa de Ténis, referindo também questões como “a formação de grupos de competição nos clubes porque o investimento no calendário competitivo fica mais reduzido e dessa maneira o mercado de jogadores será maior”, ou o aumento do “número de semanas de trabalho a nível internacional da arbitragem em Portugal, onde historicamente temos tido tanto sucesso”.
Rui Machado acredita que “ao fim poucos anos, [este projecto]não só aumentará o número de atletas com ranking como melhorará o ranking daqueles que já têm”.
E se para Emanuel Couto, “o facto de estarem a jogar em casa (…) difere de jogador para jogador. Pode funcionar como uma motivação extra para alguns mas também como uma pressão extra para outros”, para Rui Machado é uma vantagem claro por se “controlarem muito mais variáveis do que no estrangeiro”, ao competir no próprio país.
Millennium Estoril Open também beneficia com este reforço de torneios internacionais
O promotor do Millennium Estoril Open, João Zilhão, que adiantou já ao Ténis Portugal a realização de um circuito de torneios Future pré-ATP 250, vê com “muito bons olhos esta aposta em eventos internacionais”, que considera “uma excelente noticia, porque estes torneios possibilitam alargar a base e é dessa base que depois surgem os Sousas e os Elias”.
Para João Zilhão, os jogadores aparecem assim “mais preparados e com mais rodagem, tendo melhores condições para crescerem” do ponto de vista internacional.
Dos 32 eventos internacionais planeados para Portugal, 20 são da categoria Future, portanto do circuito masculino, mas existem também 12 na variante feminina. O Ténis Portugal contactou também várias protagonistas do ténis nacional, mas não obteve resposta em tempo útil.