Wimbledon, Dia 9: Quando o ténis é um assunto de família

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Na vida de Venus Williams não existe um antes e um depois do ténis. Não existe porque o ténis sempre esteve lá. Com sol, chuva, frio ou calor, é dentro do court que a norte-americana se sente em “casa”, e a relva de Wimbledon é o seu “jardim” preferido. Penta-campeã de Wimbledon, só Serena mantém uma relação mais positiva com os courts do All England Club do que Venus, que aos 36 anos está de novo nas meias-finais do torneio. Queen 1.0.

O domínio de Venus em Wimbledon começou nos anos 2000, com títulos conquistados entre 2000 e 2008, antes de Serena (quem mais?) assumir o trono mundial. Desde então, a norte-americana só por uma vez havia conseguido chegar aos “quartos”de Wimbledon, e já no distante ano de 2010, na mesma altura em que, no US Open, alcançou a sua última meia-final em torneios do Grand Slam. Mas não foram só os anos que passaram por Venus, que desde 2011 padece do síndrome de Sjogren, uma doença crónica inflamatória que ataca o sistema imunitário.

Isto tudo para dizer que o que a norte-americana alcançou hoje é digno de uma vénia:

Diante de Yaroslava Shvedova, número 96 do ranking, Venus precisou de “apenas” uma hora e 42 minutos (as primeiras rondas ultrapassaram as três horas!) para concluir o duelo e carimbar o passaporte para as “meias”, enquanto a jogadora cazaque, vencedora do torneio de pares em  2010, que até somou mais winners (26 contra 15), foi incapaz de cortar nos erros não-forçados (33 contra 12), acabando derrotada, ao segundo match-point, com parciais de 7-6(5) e 6-2.

Nas meias-finais Venus Williams terá pela frente Angelique Kerber, que assim repete a semi-final alcançada em 2012, depois de vencer Simona Halep, número 4, por 7-5 e 7-6(2), no encontro mais equilibrado do dia. Campeã em Melbourne, Kerber procura repetir o feito em Wimbledon, ainda que tenha, para isso, que vencer não uma, mas duas Williams.

Ou talvez não. Porque Serena Williams, para chegar à final, terá primeiro que ultrapassar  a russa Elena Vesnina que, aos 29 anos, se estreia nas meia-finais de um torneio do Grand Slam. Atualmente no lugar 50 do ranking, Vesnina derrotou esta tarde Dominika Cibulkova por um duplo 6-2, aproveitando do maior desgaste da eslovaca após o confronto da véspera com Agnieszka Radwanska.

Já a norte-americana, número 1 mundial, e principal favorita ao título em Wimbledon, levou a melhor sobre outra russa, Anastasia Pavlyuchenkova, por 6-4 e 6-4. Num encontro em que não enfrentou qualquer ponto de break (e onde ganhou 90% dos pontos após o primeiro serviço), Serena Williams foi sempre superior à russa, principalmente nos momentos mais importantes, capitalizando a seu favor os dois break-points de que dispôs, e colocando-se assim a dois triunfos de igualar a marca de 22 títulos do Grand Slam da alemã Steffi Graf, algo que a norte-americana persegue há precisamente um ano.

Mas com este triunfo, para além do apuramento para as meias-finais, Serena garantiu ainda que segunda-feira, independentemente dos resultados dos próximos dias, a liderança do ranking continua a ser dela. Queen 2.0.

Num dia reservado para as senhoras, destaque final para o triunfo no quinto set de Tomas Berdych sobre o compatriota Jiri Vesely, por 6-3 7-6(8) 6-7(9-11) 6-3, depois do encontro ter sido suspendido na véspera por falta de luz natural após o tiebreak do quarto parcial. Amanhã é a vez dos senhores subirem ao “palco”.

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Natural do Porto. Formada em Biologia pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e atualmente a tirar o doutoramento em Ecologia Florestal na Universidade Católica de Leuven, na Bélgica. Entusiasta de ténis a tempo inteiro.

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