Por estes dias quando se fala de ténis, fala-se, inevitavelmente, de doping. O anúncio do controlo positivo de Maria Sharapova num teste anti-doping abalou o mundo do ténis – e não só. Afinal de contas, Sharapova é a atleta feminina mais bem paga do mundo e o seu alcance mediático é global.
A revelação do controlo positivo de Sharapova reanimou o debate em torno da questão do doping no ténis, cuja lista de casos inclui, entre outros, os nomes de Juan Ignacio Chela (2001), Martina Hingis (2007) ou Richard Gasquet (2009). Mais recentemente, Marian Cilic e Viktor Troiki (2013) foram também sancionados.
Mas o doping está longe de ser um problema exclusivo do ténis. Aliás, é no atletismo, ciclismo e futebol que se registam mais infracções. E, pese embora o recente escândalo que envolve o atletismo russo – cujas autoridades são acusadas de encobrir resultados positivos de 99% dos seus atletas internacionais – o doping não é um fenómeno novo.
O primeiro caso remonta aos Jogos Olímpicos de 1904, em St. Louis: Thomas Hicks venceu a maratona com ajuda de estricnina e brandy. Contudo, seria preciso esperar até à edição de 1968, no México, para se realizarem os primeiros Jogos com controlos anti-doping. Na altura, o atleta sueco do pentlato moderno, Hans-Gunnar Liljenwall, foi desclassificado por consumo de álcool.
A “corrida mais suja da história”
Mas o primeiro grande caso aconteceu em 1988, nos Jogos de Seul. Ben Johnson espantou o mundo, com um impressionante registo de 9.79 segundos na final dos 100 metros, à frente do norte-americano Carl Lewis. Só que três dias depois foi-lhe retirada a medalha de ouro, após um teste anti-doping positivo, acusando o consumo de estanozolol, um esteróide anabolizante. Johnson seria banido do desporto em 1993, após mais um caso de doping, mas o tempo viria a mostrar que ele não era o único dopado naquela que ficou conhecida como “a corrida mais suja da história”. Dos oito atletas que correram a final, seis acabaram por ser envolvidos em casos de doping.
Ainda no atletismo, a outra grande figura a cair em desgraça foi a velocista norte-americana Marion Jones, que, em 2007, confessou ter disputado os Jogos Olímpicos de Sidney sob o efeito de esteróides anabolizantes. Forçada pela justiça a devolver as cinco medalhas conquistadas em Sidney (100, 200, 4×100 e 4×100 metros e comprimento), Jones acabaria por ser a figura do escândalo Balco, o laboratório que preparava substâncias dopantes para vários atletas. Ao longo da sua carreira, Jones passou incólume por 160 controlos anti-dopagem, apesar de ter recorrido ao doping durante vários anos.
O escândalo Armstrong
Primeiro, Lance Armstrong entrou para a história do ciclismo como o atleta que mais vezes ganhou a Volta a França, a principal prova mundial daquela modalidade. Depois, o norte-americano entrou para a história como o maior “batoteiro” da mesma prova, ao ficar provado que venceu dopado as sete edições do Tour, entretanto subtraídos ao seu currículo. Depois de mais de uma década a negar as suspeitas e acusações, o norte-americano, numa entrevista a Oprah Winfrey em 2013, confessou que usou substâncias dopantes para vencer, juntando-se, em definitivo, ao lote de grandes “estrelas” do desporto a cair do “pedestal” devido ao doping.
De acordo com a Agência Norte-Americana de Anti-Dopagem, Armstrong participou “no mais sofisticado, profissional e bem sucedido programa de doping da história do desporto”, mas foram muitos os casos que sucessivamente mancharam a imagem da modalidade, como o “Caso Festina”, a “Operação Puerto” ou o “Caso Cofidis”.
Mas depois de Armstrong, outros vencedores da prova gaulesa estiveram envolvidos em escândalos de doping, como o norte-americano Floyd Landis (2006) ou Alberto Contador (2007, 2009, 2010). Aliás, entre 1997 e 2010, apenas um vencedor do Tour não esteve envolvido em escândalos de doping: Carlos Sastre em 2008.
Em Portugal, Nuno Ribeiro foi suspenso por dois anos na sequência de um controlo anti-doping positivo realizado antes da Volta a Portugal de 2009, prova que viria a ganhar. O caso provocou ainda o abandono imediato da Liberty Seguros, patrocinadora principal da equipa de Nuno Ribeiro, do ciclismo.
O vício de Maradona
O futebol também deu muitos “contributos”, mas os escândalos andam longe das grandes equipas, sendo os atletas sujeitos a análises ao sangue apenas em provas internacionais ou quando são chamados às seleções. Mas foi precisamente no futebol que surgiu outro caso de doping que abalou o desporto: Diego Armando Maradona, considerado um dos melhores jogadores de todos os tempos, acusou efedrina após a vitória da Argentina sobre a Nigéria por 2-1 durante o Mundial de 1994.
Maradona, que havia levado a Argentina às finais de 1986 e 1990 – uma ganha e outra perdida, com a Alemanha -, terminou a sua carreira em 1997, depois do resultado positivo numa análise para drogas após uma partida com o Boca Juniors. O argentino foi um dos muitos futebolistas que tiveram problemas com as drogas, especialmente com a cocaína. Por exemplo, Mário Jardel, antigo jogador do FC Porto e Sporting, confessou recentemente ter começado a consumir cocaína enquanto jogava em Portugal; e Adrian Mutu foi despedido do Chelsea em 2004 por consumir cocaína, substância que sempre foi proibida no desporto apenas em competição, mas que, mesmo assim, se tornou num problema para o futebol.
Pergunta para um milhão de euros: quem se segue?













