A época de relva é mágica. É a mini-temporada mais curta do circuito profissional, mas aquela que mais surpresas provoca. Nestes meses os jogadores menos tecnicistas colocam o dobro das dificuldades aos melhores do mundo, e o ténis acaba por ficar mais competitivo e mais surpreendente.
Senhoras primeiro. O “descalabro” das irmãs Williams em Roland Garros coloca pressão acrescida nas duas irmãs para estes meses de relva que irão culminar em Wimbledon, o mais clássico e charmoso dos torneios do Grand Slam. Serena Williams é ainda, e bem destacada, a nº1 do ranking feminino, e como tal tem que acusar a pressão de apresentar resultados, principalmente depois de ter passado ao lado em Roland Garros e de o ano passado ter sido surpreendida em Inglaterra na quarta ronda, a mais velha das irmãs Williams quererá mostrar que o nº1 é por mérito, dela.
Ainda assim no panorama feminino existem ainda um conjunto de situações a considerar. Se num ténis que já de si é surpreendente, em relva a variante feminina torna-se ainda mais emotiva. Qual será o papel de Simona Halep, a grande surpresa deste Roland Garros? Podemos contar com uma romena forte, que o ano passado caiu na segunda ronda? E a russa Maria Sharapova, motivada com mais um titulo do Grand Slam, e uma tenista de potência que se dá bem, e que bem, e que não vence um torneio de Wimbledon há precisamente uma década.
No panorama masculino, temos obviamente um leque de jogadores cada vez maior que se acredita poderem lutar por um dos dois lugares na final. A “luta” não se faz agora apenas entre Nadal, Djokovic e Federer como há anos atrás, mas sim com Wawrinka e Murray a um nível praticamente equivalente, e em relva temos ainda de colocar num patamar elevado o checo Tomas Berdych.
Murray estará em estado de graça. É o detentor do troféu de 2013 e os britânicos esperam que honre o troféu para caminhar para mais uma vitória que será complicada de conquistar. Isto porque todos os restantes jogadores procuram uma “vingança” tendo em conta os resultados anteriores.
Novak Djokovic quer vingar a derrota de Roland Garros e conquistar agora o torneio de Wimbledon, enquanto Federer e Wawrinka querem vingar os maus resultados de Paris em Londres e certamente vão apostar tudo neste torneio de Wimbledon para “limparem” as suas imagens.
Depois claro, não nos podemos esquecer do nº1 do mundo. Rafael Nadal vem com mais um titulo no bolso e já mudou “a disquete” para relva, tendo inclusivé o seu tio, Toni Nadal, ter dito que o espanhol está mais do que preparado para jogar neste piso, que é aquele que lhe apontado como o mais fraco, embora cada vez com menos razão.
De referir claro que, se tudo correr bem, no final da semana Nadal e Federer irão testar-se em Halle, o que seria um excelente indicador para o Grand Slam que se aproxima.
Quanto aos portugueses, e neste nível, actualmente podemos contar apenas com João Sousa. O vimaranense tenta reencontrar os bons resultados, embora pelas declarações quer as suas quer as do seu técnico, esteja cada vez a caminhar para uma boa forma. João Sousa é um trabalhador e portanto poderemos sempre sonhar com bons resultados, e claro que, num grand slam, principalmente em relva, o sorteio tem um factor importantissímo pelo que qualquer previsão pode cair rapidamente em “saco roto”.