Seis títulos em torneios Future, melhor ranking da carreira, livre de lesões e pronto para enfrentar uma época de 2017 em que espera cumprir objetivos cada vez mais ambiciosos. Foi assim, bem disposto e determinado em estar num lote cada vez mais restrito com os melhores do Mundo, que Pedro Sousa falou em exclusivo ao Ténis Portugal sobre os meses que passaram e o ano que se aproxima.
ENTREVISTA
– Seis títulos, mais de 80 vitórias e o melhor ranking de sempre. Esperavas um ano de 2016 tão positivo? O que é que consideras ter sido fundamental para conseguires estes números?
Obviamente que considero um ano positivo, comecei praticamente do zero e consegui atingir o meu principal objectivo, que era terminar no top 200, para além de também ter ultrapassado o meu melhor ranking. Acho que o principal foi ter trabalhado muito bem em dezembro e conseguir manter-me em forma durante muito tempo. Quase não tive lesões e fui bastante consistente durante grande parte do ano.
– Só na Tunísia somaste grande parte das tuas vitórias nesta época e a certa altura brincou-se com isso, dizendo-se que devia ali ser criado um quinto torneio do Grand Slam. Qual foi o segredo deste bons resultados naquele país?
Joguei muitos torneios lá por serem em terra batida e por saírem mais em conta. À medida que o ano ia passando ia-me sentindo melhor e conseguindo bons resultados. Apesar de algum desgaste, ia sentindo mais confiança e em alguns jogos já havia jogadores que entravam quase derrotados.
– Subiste mais de 500 lugares no ranking e passaste de uns primeiros meses em Futures a torneios Challengers, onde também conseguiste vencer bastantes encontros. Foi uma transição fácil? Quais consideras serem as principais diferenças entre estes torneios?
No início do ano tinha decidido na minha cabeça que só ia voltar a jogar Challengers quando tivesse ranking para entrar direto nesses torneios. A quantidade de jogos que fui ganhando deu-me confiança para encarar essa transição de uma maneira mais positiva. Não vou dizer que foi fácil, mas a verdade é que ja me sentia preparado e com nível para esses torneios há algum tempo mas só comecei mesmo a jogá-los quando o ranking me permitiu. Obviamente que a maior diferença é a qualidade dos jogadores e a margem de erro menor que há durante um encontro.
– Em Portugal, ainda no mês de maio, jogaste um torneio especial, o Open de São Domingos. Existem muitas diferenças entre os torneios organizados na Tunísia, e noutros países, e estes em Portugal? Se sim, quais?
Claro que jogar em casa é sempre especial, ainda para mais no clube do meu pai. Infelizmente não cheguei nas melhores condições físicas e psicológicas pois vinha de 3 finais consecutivas num piso diferente. Estava muito desgastado e não consegui o grande objetivo que era vencer o torneio. Não há grandes diferenças, obviamente que há uns torneios melhores e outros não tão bons, depende também um pouco do gosto de cada um.
– Ainda sobre Portugal, em 2017 vamos ter mais de duas dezenas de torneios Future ao longo do ano, o que reforça a aposta nas provas internacionais. Como jogador que em 2016 participou em várias provas deste nível, quão importante pode isto ser para os jogadores que ainda estão a dar os primeiros passos?
É uma ótima notícia saber que vamos ter duas dezenas de torneios internacionais no nosso país. Acho fundamental a organização desses torneios em Portugal para o desenvolvimento do ténis e para motivar mais jogadores a tentar seguir esta carreira. Facilita bastante não ter que viajar nem gastar muito dinheiro para competir em torneios deste nível.
– 2016 foi, também, um ano de regresso à Taça Davis. Como é que te sentiste ao estar novamente com a equipa nos vários duelos emocionantes de que fizeram parte? E em relação a 2017, chegar ao Grupo Mundial é um objetivo real?
Representar o meu país sempre foi um objetivo e uma das prioridades da minha carreira. Voltar a ser chamado para a Taça Davis foi uma grande notícia para mim. São sempre semanas muito bem passadas, temos realmente um grupo bastante unido e é sempre um prazer partilhar semanas com eles. Acho que temos que ir passo a passo mas acredito que um dia seja possível. Creio que era o realizar de um sonho para todos, mas primeiro temos que nos concentrar na primeira eliminatória, com Israel.
– No final da época tiveste um pequeno problema no gémeo. Essa lesão está ultrapassada?
Sim, fiz uma micro-rotura no gémeo esquerdo. Já esta curada e já estou a treinar a 100%.
– Vais entrar em 2017 no top-200, mas com muitos pontos a defender. Qual é a ambição para esta nova época e que objetivos tens traçados?
O meu próximo objetivo é entrar no top 150, quanto mais cedo melhor!
– A aposta passará por continuar nos Challengers? Ou vais tentar arriscar as qualificações ATP se subires no ranking?
No início do ano o calendario não está grande coisa para jogadores com o meu ranking, ainda estou a decidir com os meus treinadores em que torneios vou apostar mais no início do ano. Há algumas hipóteses mas nada está decidido.
– O ténis português sempre viu em ti um tenista com um grande potencial. Que objetivo tens a médio prazo? Alguma meta em termos de ranking ou resultados?
O meu principal objetivo é entrar, um dia, no top 100. Se continuar a trabalhar bem e a manter-me saudável acho que posso chegar lá. Estou, juntamente com os meus treinadores, a tentar melhorar aspetos que me tornem um jogador mais completo e melhor preparado para enfrentar jogadores de nível mais elevado.
– Estamos em plena pré-época. Como e onde vais/estás a preparar 2017? E quais são os aspetos que vais procurar melhorar?
Já estou a treinar no CAR, com o Rui Machado, o Gonçalo Nicau e na preparaçao física continuo com o Paulo Figueiredo. Como disse antes, estou a tentar tornar-me mais completo, principalmente em melhorar o serviço e aproximações à rede entre outros aspetos mais técnicos.
– Já tens um calendário definido para o início da época?
O calendário não está famoso, a única coisa que está decidida é que vou dia 4 de janeiro para a Austrália para jogar o qualifying do Australian Open. Depois ainda vamos decidir o que fazer.
– Quando é que assinas contrato com o Benfica? 😉
Ahahah, talvez no mercado de inverno seja contratado, se o Jonas nao recuperar da lesão o mister Rui Vitória é capaz de precisar de um avançado de qualidade!!
Pequeno quizz de perguntas e respostas rápidas:
– Qual é o teu maior sonho enquanto tenista?
Chegar ao top 100
– E o jogador que mais admiras?
Do passado diria Guillermo Coria e Marat Safin. Do presente mais difícil, talvez o Gastão Elias ahahah.
– Tens um torneio preferido?
Estoril Open