O ditado assim o diz e Stan Wawrinka não quis ficar para trás. A disputar uma final de um torneio do Grand Slam pela terceira vez na carreira, o tenista suíço derrotou Novak Djokovic ( com parciais de 6-7[1], 6-4, 7-5 e 6-3) num enconro que proporcionou pontos “estratosféricos” e é o novo campeão do US Open. Foi um ano de estreias em jeito de confirmações na cidade de Nova Iorque, depois de, na variante feminina, Angelique Kerber também se ter estreado a erguer troféus na “Big Apple”.
Apesar de já não ser novo nestas andanças — em 2014, já com 28 anos, anunciou-se ao Mundo dos “grandes campeões” ao surpreender tudo e todos para erguer o troféu no Australian Open, feito que viria a repetir no ano seguinte, em Roland Garros –, Wawrinka disputava pela primeira vez a final do US Open, enquanto do outro lado tinha um Novak Djokovic a entrar pela sétima vez no Artur Ashe Stadium para lutar pelo troféu.
E a verdade é que a dimensão do encontro acusou primeiro no tenista suíço, que demorou a entrar no duelo e a conseguir combater de igual para igual com o tenista sérvio, que rapidamente se viu com uma vantagem de 5-2 no set inaugural. Em busca do seu terceiro título no Major norte-americano, o número um mundial não conseguiu, no entanto, manter a distância e precisou de recorrer a um tie break — onde se disputou aquele que terá, talvez, sido o melhor ponto da final — para, aí sim, se adiantar de vez no marcador.
Num duelo sempre muito equilibrado, à semelhança dos que “compuseram” nas últimas décadas, Djokovic e Wawrinka alternaram entre pancadas de direita e esquerda ao longo da linha sempre “recheadas”com acelerações e variações dignas de uma final de um torneio do Grand Slam. E depois de um primeiro set decidido a favor do atual campeão do Australian Open e Roland Garros, Stan Wawrinka — que contou com a presença da sua namorada, Donna Vekic, nas bancadas, isto na mesma semana em que a croata disputou um torneio ITF em Budapeste — chegou-se à frente para, aos poucos, reclamar a liderança.
Com uma recuperação em muito baseada nas variações impostas pela sua pancada de esquerda, considerada por muitos como a melhor do circuito e que, com a evolução do encontro, foi aumentando de intensidade, o número quatro mundial começou a intrometer-se nos jogos de serviço do sérvio e a revelar-se eficaz na sua própria pancada, anulando a tão famosa capacidade de resposta de Djokovic, em muito responsável pelos 12 títulos do Grand Slam com que o sérvio já conta no currículo.
Mais autoritário, eficaze confiante do que Novak Djokovic, Stan Wawrinka agarrou a oportunidade no derradeiro jogo do terceiro set, ao quebrar o serviço do adversário para selar a reviravolta e partir para uma quarta partida que, com a conquista do break logo ao segundo jogo, se revelaria “apenas” uma formalidade. É preciso recuar até à terceira eliminatória deste mesmo US Open para perceber o quão perto o suíço, agora campeão, esteve de sair de prova ainda na primeira semana: no encontro frente ao surpreendente Daniel Evans, salvou um match point na quarta partida antes de vencer por 4-6, 6-3, 6-7(6), 7-6(8) e 6-2.
Agora, uma semana depois e com mais quatro vitórias na ficha de jogador, é detentor de não dois, mas três títulos do Grand Slam: e todos eles “à primeira” tentativa e em locais diferentes, o que faz de “Stan the Man” o primeiro jogador desde Fred Perry, em 1934, a conquistar os seus primeiros três títulos do Grand Slam em eventos diferentes (Australian Open 2014, Roland Garros 2015 e US Open 2016).
O que tem esta vitória em comum com as duas caminhadas gloriosas que até então “apontava” no seu currículo? Não só uma vitória sobre Novak Djokovic (em Melbourne, nos quartos de final; em Paris, tal como agora, na decisão) como uma recuperação da desvantagem de um set, o que faz dele o único jogador a ter três vitórias sobre o sérvio após ceder o parcial inaugural — perto do feito só Rafael Nadal e Jurgen Melzer, que o conseguiram em uma ocasião cada um.
Como “recompensa” extra pela vitória número 11 nas últimas 11 finais que disputou (antes deste período, entre 2005 e 2013, contava com um registo de 4/9 em decisões de singulares no circuito masculino), o tenista helvético recebe ainda um chegue no valor de 3,5 milhões de dólares, juntando-se a Angelique Kerber no topo da lista de jogadores com maior prize-money recebido num único evento.