Se 2016 já estava a ser um ano memorável para Angelique Kerber, a partir deste domingo a tenista alemã tem ainda mais razões para celebrar: com a subida ao lugar cimeiro do ranking garantida ainda antes do encontro, a nova número um mundial sagrou-se campeã do US Open ao vencer aquela que foi a terceira final de torneios do Grand Slam que disputou na presente temporada. “É incrível, é fantástico”, disse emocionada logo após conquistar o título.
Pela frente, Kerber não tinha uma adversária “qualquer”, mas sim Karolina Pliskova. A checa chegou a Nova Iorque com o título mais importante da carreira acabado de conquistar, no Premier de Cincinnati, onde na final derrotou precisamente a alemã (impingindo-lhe a primeira derrota enquanto medalhista de prata nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro) e tornou-se apenas na quarta tenista da história a derrotar as duas irmãs Williams — Venus nos “oitavos” e Serena nas meias-finais — no mesmo torneio do Grand Slam), garantindo a sua primeira final.
Mas o encontro deste domingo foi muito diferente do de Cincinnati: já sem a pressão da luta pelo primeiro posto do ranking feminino no seu lado (a eliminação de Serena Williams nas meias-finais garantiu a ascenção independentemente do resultado da final) e com mais experiência do que a adversária em duelos desta dimensão, Angelique Kerber não demorou a chegar à vantagem, conseguindo logo no jogo inaugural o break que acabaria por lhe dar a vitória no primeiro set.
Com um maior equilíbrio na segunda partida, as duas jogadoras fizeram um “braço de ferro” até que, ao sétimo jogo, Pliskova recuperou de um 30-0 no serviço de Kerber para selar a quebra com uma corajosa subida à rede que terminou com um lob junto à linha de fundo do lado oposto. A celebração (ergueu os braços e aproximou-se de um sorriso que raramente esboça em campo) foi a confirmação da entrada da checa de 24 anos na luta pelo título, que pouco depois viria a igualar a contenda para, ao mesmo tempo, tirar à adversária a possibilidade de se tornar na primeira jogadora desde Serena Williams, em 2014, a vencer um torneio do Grand Slam sem ceder qualquer set.
A jogar o terceiro set mais importante da carreira (juntamente com o do Australian Open, que venceu), Angelique Kerber quebrou a malapata do encontro — os dois parciais inaugurais tinham sido “perdidos” pela primeira servidora — ao dar a volta ao resultado com um par de breaks (o último dos quais a 5-4, impedindo Pliskova de vencer qualquer ponto no seu serviço) que lhe permitiu deitar-se no chão do maior estádio de ténis do mundo para celebrar aquele que é indiscutivelmente o melhor momento da sua carreira.
Conseguida aquela que foi a primeira vitória enquanto líder do ranking feminino (ainda que não de forma oficial, dado que só na próxima segunda-feira a tabela será atualizada), Angelique Kerber fecha uma época “de sonho” no que a torneios do Grand Slam diz respeito ao somar o seu segundo título, a que junta ainda o vice-campeonato em Wimbledon — bem como, e já fora dos quatro Majors, a medalha de prata conseguida há cerca de um mês nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Quanto a Karolina Pliskova, também terá motivos para celebrar, dado que chegará ao sexto lugar, que se traduz no melhor registo até à data.