Não é surpresa dizer que o nome de Serena Williams é, de todos os ainda em prova, o mais comum em fases adiantadas de torneios do Grand Slam, mas será no mínimo surpreendente dizer (ou escrever) que o US Open 2016 é o primeiro torneio do Grand Slam desde Roland Garros, em 2004(!), a não contar com (pelo menos) um dos seguintes nomes nas meias-finais masculinas: Roger Federer, Rafael Nadal e Andy Murray.
Começámos por referir o nome da mais nova das irmãs norte-americanas, mas já lá vamos. Falemos primeiro da batalha que envolveu Kei Nishikori e Andy Murray no primeiro encontro masculino do dia no Artur Ashe Stadium. No mesmo estádio em que se sagrou campeão há quatro anos, o tenista britânico procurava dar continuidade ao excelente verão que atravessa (venceu em Queen’s, em Wimbledon e no Rio de Janeiro até chegar a Cincinnati e perder a final para Marin Cilic) e tornar-se no quarto jogador da história (quarto!) do circuito masculino a atingir todas as finais de torneios do Grand Slam na mesma temporada. Até aqui, e assim continuará, apenas Rod Laver, Novak Djokovic (ambos uma vez) e Roger Federer (em duas ocasiões).
Mas do outro lado da rede estava um Kei Nishikori que também viveu um dos melhores momentos da carreira no maior estádio de ténis do mundo, quando em 2014 surpreendeu Novak Djokovic e o Mundo para chegar à decisão de singulares. Só que o jogo, ou o início do jogo, até seguiu a “normalidade” e tendeu para o lado de Murray, que até à chuva dominava perante um nipónico que ainda se procurava entre as linhas. Foi quando a precipitação forçou a alterações nas condições de jogo (este ano, o Artur Ashe Stadium já tem uma cobertura amovível) que o número sete mundial entrou realmente na batalha e, assim, se partiu para um mano-a-mano que só teria um ponto final já corridas quatro horas de jogo, com Kei Nishikori a celebrar devido aos parciais de 1-6, 6-4, 4-6, 6-1 e 7-5.
Apurado para as meias-finais de um torneio do Grand Slam pela segunda vez na carreira, Nishikori terá como adversário o suíço Stan Wawrinka, que levou a melhor perante um Juan Martin del Potro diferente, mais “soft” do que aquele que no Rio de Janeiro chegou à prata e, mesmo já em Nova Iorque, brilhou, conseguindo vencer em quatro sets, por 7-6(5), 4-6, 6-3 e 6-2, num encontro em que a dada altura do terceiro parcial a discussão quanto ao vencedor deixou de estar realmente em cima da mesa. Mas não faltaram momentos emocionantes, como este.
Serena “escorregou” mas mantém-se viva e nega festa a Kerber
Na competição feminina os olhos estavam maioritariamente colocados sobre Serena Williams, uma vez mais envolvida numa luta dentro do campo e outra paralela à linha de fundo, com Angelique Kerber sempre à espreita do primeiro posto da tabela. E a verdade é que a alemã esteve, mesmo sem jogando, mais perto do que nunca de “tomar de assalto” a posição cimeira, ao ver Simona Halep vencer o segundo set para a colocar a apenas um do feito. Mas com Serena, já se sabe, nada se dá por perdido e a norte-americana voltou ao comando para garantir novo regresso às meias-finais do US Open (venceu por 6-2, 4-6 e 6-3), as mesmas em que em 2015 escorregou para a surpreendente Roberta Vinci. Lição estudada? Veremos já esta quinta-feira.
Horas antes, o público norte-americano viu brilhar a checa Karolina Pliskova, que está de regresso à sua melhor forma e na semana anterior ao US Open já tinha dado um ar da sua graça ao conquistar uma das melhores vitórias da carreira para conquistar Cincinnati, o melhor título do seu “portefólio”, e impedir Kerber de chegar ao número um. A medir forças com a surpreendente Ana Konjuh (que aos 18 aos afastou Agnieszka Radwanska, a mesma contra a qual já tinha tido match point em Wimbledon, para chegar aos primeiros quartos de final da carreira em Majors) num encontro praticamente de sentido único que terminou com um triunfo por 6-2 e 6-2. As primeiras meias-finais estão garantidas e Pliskova sabe que jogará “fora de casa” na próxima madrugada, ou não tivesse encontro marcado com a grande favorita do público, Serena.