LISBOA – De corda em corda, Nuno Pinto encordoou cerca de 80 raquetes ao longo dos últimos nove dias, todas para jogadoras que participaram na primeira edição do Lisboa Women’s Open, o torneio internacional feminino organizado pelo Lisboa Racket Centre.
Nos dias mais preenchidos, Nuno Pinto “divide-se” em dois e encordoa raquetes entre os vários treinos que dá a atletas de todas as idades. Mas é na arte de encordoar e “afinar” raquetes que concentramos esta reportagem, realizada em pleno torneio e na qual fomos à descoberta dos pedidos (e até erros) mais comuns por parte das jogadoras profissionais [faça scroll para visualizar o vídeo e continuar a ler a reportagem].
Ao longo dos nove dias de ténis internacional no Lisboa Racket Centre, Nuno encordoou cerca de 80 raquetes, 20 das quais na última ronda do qualifying, já com a chegada das tenistas do quadro principal. Com cerca de 40 horas passadas em torno da máquina de encordoar que damos a conhecer no vídeo [em cima]— e que é “emprestada” ao Millennium Estoril Open durante duas semanas –, revela que a evolução no material tem sido uma mais valia para os encordoadores pelas “melhorias na forma como aceita e agarra os vários tipos de raquete [ténis e squash], como prende a corda e pela fiabilidade do sensor.”
Os erros mais comuns, revela, estão na tensão escolhida para as encordoações. “À procura de um maior controlo da bola numa altura em que está a andar mais ou que estão com o braço solto e tudo começa a ‘voar’, muitas vezes propõem mais um kilo, depois outro e passam a ser 26, 27 sem darem por isso e pensam que já não conseguem jogar com 23, 24kg, o que é errado. Basta uma nova adaptação.”
Cada caso é um caso e, por isso, realça que uma maior tensão não implica uma decisão totalmente errada, mas o “pacote” inteiro não deve estar mal construído, ou seja, as jogadoras não devem falhar nos três aspetos fundamentais: tamanho/peso das raquetes, cordas e tensões desapropriadas ao equipamento e corpo da jogadora. “São três aspetos que muitas vezes falham e se não lhes ligarem entre os 16 e 21 anos, que é quando começam a apostar na carreira internacional, podem vir a ter problemas físicos por causa disso.”
Encordoador há mais de 20 anos — ao Ténis Portugal, revela que começou a fazê-lo no Lisboa Racket Centre numa fase em que partia muitas encordoações, juntando-se a um colega até passar a ser o grande responsável pela “arte de afinar” no clube –, Nuno Pinto diz ainda que, apesar disso, “há muitos atletas a encordoarem bem” e, até, “com cordas híbridas, ou seja, diferentes na horizontal e na vertical.” E explica: “Normalmente, nas verticais mete-se mais tensão, até pela maior distância entre os pontos da raquete, e evita-se utilizar uma corda muito rija, que pode ser má para o braço, ou uma muito macia, que se parta de 20 em 20 minutos, por isso utilizam uma rija na vertical, com bastante qualidade, e uma corda mais ‘normal’, mais suave, que não é a que dá os efeitos à bola e tira rigidez à raquete.”
A título de curiosidade, revelou-nos ainda que Emma Laine, a tenista finlandesa que já passou pelo top-50 mundial e se sagrou campeã de pares e vice-campeã de singulares, levou cinco raquetes a encordoar em sete dias — “todas com uma corda Babolat na vertical, uma corda que não é espetacular mas é rija, e nas horizontais uma ‘tripa’ natural, que é uma corda muito antiga e dá muito conforto a jogar. É bastante mais cara, perde mais tensão ao sol e à chuva e para encordoar tem de ser pré-esticada. Não é ‘prática’ mas ela valoriza que a encordoação não seja muito agressiva e ainda há bastantes pessoas a optarem por esta estratégia.”
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