Andy Murray devolve Wimbledon aos britânicos

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O mês de julho começou chuvoso em Londres. Após a vitória do “Brexit” no referendo britânico, o famoso fog londrino – nevoeiro que frequentemente aparece sobre a capital de Inglaterra, “gritava” por um D. Sebastião  para “salvar” a pátria (a deles, não a nossa). Sim, porque aqui em Portugal nós temos Cristiano Ronaldo, mas até no futebol a Inglaterra já conheceu melhores dias. Razões para olhar para o futuro com preocupação? Claro que não. Estamos em julho, em Londres e, ladies and gentlemenit’s Wimbledon time.

E se, do lado dos senhores, a primeira semana ficou marcada pela derrota (surpreendente) de Novak Djokovic (bye bye Nole), a segunda pelas maratonas de Roger Federer (bye bye Roger), o fim-de-semana pertence por inteiro a Andy Murray. Discreto, porque eficiente, no seu percurso até à final, apenas no encontro com Jo-Wilfried Tsonga deu mostras de algum nervosismo (quanta pressão, Andy!). Afinal de contas, em sete encontros, apenas contra o francês o britânico cedeu um, dois na verdade, set(s). Uma “anomalia estatística” num percurso tão brilhante quanto a sua exibição de hoje frente a Milos Raonic na final do torneio.

Pela segunda vez na carreira, Murray levou a “rebaptizada” Murray mound (para os puristas, Henman hill) ao rubro, vencendo Raonic, sexto cabeça de série, pelos parciais de 6-4 7-6(3) e 7-6(2), após um encontro totalmente controlado – e dominado – pelo britânico. Como recompensa, para além do tão cobiçado troféu – o terceiro em torneios do Grand Slam depois dos triunfos em Nova Iorque, em 2012, e em Wimbledon, em 2013 -, Murray ultrapassará amanhã, pela primeira vez na carreira, os 10.000 pontos no ranking e, de repente, Novak Djokovic parece estar ali tão perto…

Esta tarde, e numa repetição da final do torneio de Queen’s, “antecâmara” do Grand Slam britânico, Murray não deu quaisquer hipóteses ao canadiano (até para o serviço mais rápido do torneio, 237 km/h, Murray teve resposta!), jogando o seu melhor ténis, especialmente nos pontos mais importantes do encontro, onde esteve sublime. Basta olharmos para o parcial dos dois tiebreaks: frente a um “especialista” como Milos Raonic, Murray deu uma lição de como jogar, perdão, vencer tiebreaks, concedendo apenas cinco (3+2) pontos, carimbando o triunfo no encontro ao cabo de duas horas e 47 minutos.

Muito seguro do fundo do court, Murray aproveitou as muitas – e muitas vezes inconsequentes – subidas à rede do canadiano, prontamente castigadas por passing shots do britânico, para quebrar o serviço de Raonic no primeiro set, parcial no qual Murray cometeu apenas quatro erros não forçados. Era difícil pedir-lhe mais e melhor. E pese embora este tenha sido o único break do encontro, os passing shots multiplicaram-se ao longo dos dois sets seguintes, assim como os slices e, na verdade, tudo o resto que Murray, qual Midas, tentou fazer hoje.

A figura de D. Sebastião é talvez das mais carismáticas da História de Portugal. Esta tarde, os britânicos encontraram o deles: Andy Murray. Ronaldo e companhia, agora é a vossa vez. A nossa vez. Façam o favor de nos fazerem felizes.

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Natural do Porto. Formada em Biologia pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e atualmente a tirar o doutoramento em Ecologia Florestal na Universidade Católica de Leuven, na Bélgica. Entusiasta de ténis a tempo inteiro.

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