Tenho uma pergunta para vos fazer: Este ano no Australian Open a maioria dos pontos teve 4 ou menos pancadas, ou mais de 4 pancadas?
Provavelmente uma grande parte irá responder mais de 4. A verdade é que 70% dos pontos no sector masculino e 66% no sector feminino tiveram entre 0 e 4 pancadas. Com percentagens de 20% (homens) e 23% (mulheres) tivemos pontos com 5 a 8 pancadas e apenas 10% (homens) e 11% (mulheres) foram pontos com 9 ou mais pancadas.
Como podem ver os pontos curtos estão a dominar o jogo. Por isso cada vez mais o serviço, a resposta e a bola seguinte a estes gestos técnicos, tornam-se absolutamente vitais para o sucesso.
Interessantemente, podem pensar que o domínio dos pontos com 4 ou menos pancadas não se aplica nos pisos mais lentos (terra batida). Particularmente se o Rafael Nadal estiver envolvido no encontro, já que é o típico jogador que gosta de jogar 1,2,3 metros atrás da linha de fundo, com as suas pancadas bem spinadas. Mas olhando para as estatísticas bem actuais do torneio de Monte Carlo deste ano, onde o Rafael Nadal bateu o tenista britânico Aljaz Badene por 6-3 6-3, os pontos com 4 pancadas ou menos dominam com uma percentagem de 50%. Os pontos entre 5 e 8 pancadas tiveram uma percentagem de 36% enquanto apenas 14% dos pontos foram realizados com 9 ou mais.
Continuando a falar do Rafael Nadal, ao visualizar os jogos percebe-se que um dos seus padrões técnico-tácticos preferidos é tentar dominar o ponto com a sua grande direita na pancada logo a seguir do seu serviço. Em 30 jogos gravados, ele jogou de direita a seguir ao seu serviço em 79% das oportunidades! Quando ele ganhou ao Stan Wawrinka em Novembro do ano passado em Londres, ele conseguiu fazer isso em 89% dos pontos em que serviu! Todos nós sabemos que quando a direita do Rafael Nadal está a “andar” é muito difícil de travar.
Quando vemos que Rafael Nadal tem 50% de pontos jogados entre 0 e 4 pancadas, vamos esperar que nas mesmas condições o Roger Federer terá uma percentagem mais elevada. E foi o que aconteceu, no mesmo torneio de Monte Carlo realizado este ano, em que na sua vitória sobre o Roberto Bautista Agut, 70% dos pontos tiveram 4 ou menos pancadas, 12% entre 5 e 8, e 18% mais de 9.
Lembrem-se que estamos a falar de uma das superfícies mais lentas do circuito, onde presumimos que os pontos deviam durar bastante. Claro que como já vimos o tipo de superfície e os jogadores em questão, alteram as percentagens, mas é evidente que os jogadores procuram cada vez mais acabar o ponto rápido. E mesmo os pontos que duram mais de 4 pancadas, muitas das vezes são construídos/determinados nessas mesmas primeiras pancadas.
Com este estilo cada vez mais agressivo que é preciso nos encontros, é essencial que se treine isto. Nos treinos muitas vezes queremos que se troque o maior número de bolas possível. Isto porque, uma das premissas do ténis é passar mais uma bola por cima da rede e dentro do court do que o adversário. Mas temos de treinar aquilo que queremos que se faça nos jogos, e as estatísticas mostram que precisamos de ser agressivos, e procurar acabar o ponto nas primeiras pancadas. Novamente digo que o serviço, resposta e primeiras bolas seguintes a estas 2 pancadas são cada vez mais essenciais!