E ao sétimo dia… ninguém descansou. Desde a primeira à última hora da jornada, não faltou emoção aos courts de Melbourne Park e, entre encontros ‘breves’ e longas ‘batalhas’, houve de tudo e para todos. Num dia marcado por muitos números – do 1 ao 100, qual é que prefere? -, e onde os favoritos seguiram todos em frente, foram vários os encontros (muito) equilibrados e, acima de tudo, electrizantes.
Djokovic bate recorde… dos erros não forçados
Cem. Numa altura em que faltam adjectivos para qualificar o desempenho e a consistência do sérvio, quem assistiu este domingo ao encontro de Novak Djokovic frente a Gilles Simon teve provavelmente grandes dificuldade em reconhecer o número um mundial. Djokovic esteve longe – muito longe – do seu nível habitual e precisou de mais de quatro horas e meia de jogo para bater o francês, ao cabo de cinco sets (6-3 6-7(1-7) 6-4 4-6 6-3), num encontro em que cometeu nada mais nada menos do que uma centena de erros não forçados. Exatamente: cem.
Djokovic esteve longe dos seus melhores dias e, se desde o primeiro set que deu sinais de que não estaria num dia muito inspirado, o segundo set espelha na perfeição o desacerto do sérvio no encontro de hoje. Djokovic dispôs de onze oportunidades para quebrar o serviço de Simon, mas não conseguiu concretizar nenhuma, vendo-se forçado a disputar o tiebreak onde conquistou apenas um ponto, contra os sete do francês.
Mas no final, e apesar dos erros não forçados (mais do que os somados nos três encontros anteriores), foi o sérvio quem prevaleceu, assegurando pela 27.ª vez consecutiva a presença nos quartos-de-final de um torneio do Gran Slam, igualando o registo de Jimmy Connors. Impressionante.
Na próxima ronda, Djokovic terá pela frente Kei Nishikori, que durante a manhã (madrugada em Portugal) bateu ‘facilmente’ outro francês, Jo-Wilfried Tsonga por 6-4 6-2 6-4. Foi a quarta vitória do japonês frente a Tsonga, e a 20.ª no Australian Open, e Nishikori diz-se “pronto para vencer [Djokovic] novamente“. Recorde-se que no US Open de 2014, o japonês eliminou surpreendentemente o sérvio nas meias-finais do torneio em ‘apenas’quatro sets. Déjà vu?
Federer dá masterclass
Também Tomas Berdych carimbou o passaporte para as quartos-de-final do torneio mas, tal como Djokovic, também precisou de cinco sets para levar a melhor sobre Roberto Bautista Agut, número 21.º do mundo, com os parciais de 4-6 6-4 6-3 1-6 6-3. No terceiro encontro do espanhol em Melbourne decidido na quinta partida, Bautista Agut vendeu cara a derrota (18 break points salvos pelo espanhol) e forçou Berdych a ‘lutar’ por todos os pontos.
Segue-se-lhe Roger Federer. O jogador suiço, com uma exibição inspiradíssima, não deu quaisquer hipóteses ao belga David Goffin, atualmente no 16.º lugar do ranking, e precisou de apenas 88 minutos de jogo para avançar para as quartos-de-final do torneio. Num encontro que terminou depois da meia-noite (hora local), Federer ofereceu uma autêntica aula de ténis ao belga (e a quem, como nós, assistia ao encontro entre ohhhs!), naquela que foi a melhor performance do suiço em Melbourne. Federer perdeu apenas seis pontos nos seus jogos de serviço, enquanto somava winners (39) e subidas bem sucedidas à rede (ganhou 19 das 22 tentativas). Ohhh!
Com este triunfo, Federer assegurou pela 12.ª vez a presença nos ‘quartos’ do Australian Open, tornando-se no jogador mais velho a ir tão longe em Melbourne desde Andre Agassi em 2005, aumentando para 47 o seu recorde de presenças em quartos-de-final em torneios do Grand Slam.
Sharapova reencontra o serviço
Vinte e um. Naquele que era provavelmente o encontro mais aguardado no lado feminino, Maria Sharapova e Belinda Bencic protagonizaram um dos encontros mais equilibrados da jornada… que não foi a três sets. Ao cabo de quase duas horas de partida, Sharapova confirmou o triunfo sobre a teenager suiça com um duplo 7-5, num encontro marcado pelas muitas quebras de serviço e pelos vinte e um ases de Sharapova. Ora lembra-se da última vez em que a russa serviu tantos ases num… torneio? Pois, nem nós. E desta vez bastou-lhe dois sets.
“Eu acho que [Sharapova] serviu inacreditavelmente bem, em primeiro lugar, e isso colocou muita pressão sobre mim nos meus jogos de serviço“, disse Bencic que enfrentou 16 break points e sofreu quatro quebras de serviço.
Mas o encontro nem começou de feição para Sharapova que, depois de desperdiçar várias pontos de break, viu Bencic se adiantar no marcador. Estávamos no quinto jogo do encontro e a ‘sangria’ só parou ao nono. Foram quatro quebras de serviço consecutivas, antes de Sharapova repor a ‘normalidade’ no set e no encontro. No final, triunfo da russa (‘apadrinhado’pelo hawk-eye) que na próxima ronda terá pela frente a sua arqui-rival Serena Williams. Mas a russa mostrou-se bastante contente com o desfecho.
Legendary celebration from Sharapova after beating Bencic #AusOpen pic.twitter.com/DvafRqYxMv
— Gaspar Lança (@gasparlanca) January 24, 2016
Dezassete. Serena Williams por sua vez continua imparável e incontestada nesta edição do torneio. Na jornada de hoje, a norte-americana carimbou o apuramento para os quartos-de-final com uma vitória tranquila (6-2 6-1), em apenas 55 minutos, frente a outra russa, Margarita Gasparyan (#58).
Gasparyan ainda chegou a assustar a americana, após quebrar Williams no jogo inicial, mas depois desse ‘incidente’ o domínio de Serena foi absoluto. Esta foi ainda a segunda vitória da americana contra Gasparyan e a 101.ª contra russas. A última derrota aconteceu precisamente ‘aqui’, em Melbourne, em 2012 frente a Ekaterina Makarova; mas frente a Sharapova o registo é ainda mais positivo: dezassete vitórias consecutivas para a número do mundo que desde o WTA Finals em 2004, cedeu apenas três sets para a russa.
Fim do sonho australiano para Gavrilova
Quem continua ‘imbatível’ é a polaca Agnieszka Radwanska. Mas o encontro de hoje esteve longe de ser tranquilo para a polaca. Diante da alemã Anna-Lena Friedsam, de 21 anos, a número 4 do mundo precisou de sofrer para vencer de ‘virada’ a germânica por 6-7(6-8) 6-1 7-5. Friedsam disparou mais de quarenta (41) winners, mas fez mais de sessenta (61) erros e, já no terceiro set, não resistiu às cãibras cedendo cinco jogos consecutivos que permitiram a Radwasnka se apurar pela sexta vez para os quartos-de-final do torneio.
Pela frente terá a espanhola Carla Suárez Navarro que derrotou a recém aussie e nova ‘queridinha’ do país, Daria Gavrilova. Depois de ter perdido o primeiro parcial em apenas 25 minutos, a espanhola deu a volta ao jogo e, pela terceira vez na carreira, conseguiu vencer um encontro depois de ceder o primeiro parcial por 6-0. Gavrilova ainda se adiantou no marcador no terceiro set, mas permitiu uma vez mais a recuperação da espanhola que acabaria por triunfar por 0-6 6-3 6-2 ao cabo de duas horas de jogo. Radwanska lidera o mano a mano com Suárez por 2 a 1, mas perdeu o último jogo, no ano passado em Miami.
Amanhã as atenções centram-se nos duelos entre o suiço Stanislas Wawrinka e o canadiano Milos Raonic e, em sessão noturna, o do britânico Andy Murray frente ao jogador da casa Bernard Tomic. Do lado feminino Victoria Azarenka é a cabeça-de-cartaz.













