Novak Djokovic é o grande campeão do US Open 2015. Na madrugada desta segunda-feira, depois de três horas de espera devido à indecisa chuva que perturbou o começo de ação, o tenista sérvio ultrapassou Roger Federer (6-4 5-7 6-4 6-4) numa final emocionante para voltar a conquistar o torneio norte-americano quatro anos depois. Tal como em 2011, o número um mundial termina a época com três títulos do Grand Slam ‘no bolso’.
De um lado o primeiro, do outro o segundo cabeça de série. Era a final das finais, a que todos queriam ver e jogar. O US Open marcava o adeus dos torneios ‘grandes’ à época de 2015 e encerrava esse capítulo com a presença dos dois melhores tenistas da atualidade (e dois dos melhores de sempre) na sua última decisão. Melhor ficha técnica seria impossível e o espetáculo prometia. Assim foi, primeiro de forma algo ‘fria’ e depois a bom gás, mas não sem antes a chuva fazer os milhares (milhões, com todos aqueles em casa!) de espetadores esperarem por mais de três horas. Para o ano o Artur Ashe Stadium dará ‘tréguas’ com a sua cobertura completa.
Apurado para a sua primeira final em Nova Iorque desde a derrota de Juan Martin del Potro — que não perdeu a oportunidade de assistir ao encontro — no ano de 2009, Roger Federer vinha ’embalado’ da vitória em Cincinnati (derrotara precisamente Djokovic na final) e dos 28 sets ganhos de forma consecutiva desde que perdera a final de Wimbledon (lá está, para o sérvio…) e completara 34 anos, mas pela frente não tinha uma tarefa fácil. Se o registo (5-1) de finais lhe era favorável (o número um perdera quatro das cinco anteriores), o ‘mano-a-mano’ estava muito, muito apertado — 21-20 — e não prometia uma noite fácil.
Não foi. Se um ás no primeiro ponto do encontro deu boas sensações ao helvético, ex-número um mundial, o nível de serviço rapidamente desceu e para demorar a subir novamente: uma quebra no jogo inaugural dava início ao encontro de uma forma estranha e mais inesperado se tornaria quando Djokovic escorregou de forma aparatosa no court. O primeiro set foi passando e o campeão em título do Australian Open e de Wimbledon foi liderando, mas ainda sem um ténis-do-outro-mundo; isto, até aos parciais seguintes, onde os dois conseguiram praticar algum do seu melhor ténis para obter pontos impressionantes. Dos já famosos SABR (que tiveram o poder de tirar alguma concentração a Djokovic) a grandes rallies e winners quer de direita, quer de esquerda, os dois foram somando pontos dignos de mais tarde serem recordados.
Falharam, isso sim, no serviço, e nem no final, corridas mais de três horas de jogo, os números encantam. No total dos quatro sets disputados, Novak Djokovic colocou 62% dos seus primeiros ‘saques’ e venceu 66% desses pontos (54% no segundo), contra uma estatística ligeiramente melhor de Federer (64%, 71% e 46%), que esteve pior em tudo o resto. Foi aliás muito por culpa do suíço de 34 anos que o encontro não chegou ao sempre desejado quinto set. Se na relação winners/erros não forçados (apesar de demasiado elevada para o que costuma apresentar), ainda balanceou com Djokovic — o sérvio apontou 35 winners e 37 erros não forçados, o suíço 56/54), em pontos de break o número dois do mundo esteve tão desastroso quanto era impiedoso nos tempos em que dominava a modalidade, ao converter apenas quatro de 23(!) oportunidades.
E Novak Djokovic aproveitou, claro. Elástico, muito rápido a reagir e sobretudo eficaz, o melhor tenista sérvio da história soube contrariar a estratégia de Federer, forçá-lo a um plano B e apoderar-se mesmo de algumas armas. Na rede, por exemplo, foi mais igualmente eficaz falando de percentagens (venceu 21 de 32 pontos contra 39/59 — equivalem ambos a 66%) e depois soube fazer o suíço ‘correr’ nos momentos decisivos. Aguentou-se, contra a magia e, também, a forte contestação do público, e teve nervos de aço para a 5-4 salvar dois break points que dariam a segunda quebra consecutiva a Federer. Estava consumada a vitória, a 10.ª de Novak Djokovic em torneios do Grand Slam. Aos 28 anos, e com o sérvio a conquistar 3 torneios Major na mesma temporada pela segunda vez na carreira, algo que até então o próprio Federer e Rod Laver conseguiram.
Números, números… Em busca de mais e melhor
Enquanto Roger Federer parte para a Europa a fim de disputar o play-off de apuramento para o Grupo Mundial da Taça Davis em menos de cinco dias, com 59 jogos ‘nas pernas’ na presente temporada, Novak Djokovic celebra a conquista do seu décimo troféu de campeão em torneios do Grand Slam, que lhe permite a aproximação de Rafael Nadal e Pete Sampras (ambos com 14).
Mais do que isso, a vitória na edição de 2015 do US Open coloca o sérvio com impressionantes 16.145 pontos na posição cimeira do ranking ATP, o que o faz ultrapassar o recorde pertencente a Roger Federer no ano de 2006 (quando o suíço atingiu os 15.495 pontos) referente a mais pontos ATP alguma vez conquistados. A razão? Entre outras provas, os títulos ganhos pelo tenista sérvio em Melbourne, Wimbledon, Flushing Meadows, Indian Wells, Miami, Monte Carlo e Roma só na presente temporada, não esquecendo, claro, as finais no Dubai, Roland Garros, Montreal e Cincinnati.