O duelo, a emoção, a glória, o adeus. O inesperado. Mas que dia em Nova Iorque! Este sábado, ao final da tarde/início de noite, Flavia Pennetta (#26 WTA) levou a melhor sobre Roberta Vinci (#43) na primeira final 100% italiana da história em torneios do Grand Slam para conquistar o seu primeiro título Major e completar um ciclo que há muito iniciara. Segundos depois, na cerimónia de entrega dos troféus, anunciou o seu ‘adeus’ ao ténis.
Era um duelo entre compatriotas e colegas de equipa na Fed Cup mas, mais do que isso, entre amigas. A relação entre Flavia Pennetta, de 33 anos, e Roberta Vinci, de 32, remonta ao milénio passado, quando as duas entravam lado a lado no court para disputar encontros de pares no circuito júnior. Desde aí, seguiram as suas carreiras e triunfaram cada uma à sua forma até que hoje disputaram, não lado a lado (esse momento veio, e é bonito ser registado, no final) mas frente-a-frente, o jogo de ténis mais importante das suas vidas. Ganhou a mais velha, que fora também a primeira italiana da história a entrar no top10 mundial, com os parciais de 7-6(4) 6-2.
A final desde domingo não se resumia ao jogo jogado, à forma como ambas se apresentavam em campo. Perante um Artur Ashe Stadium que não cedeu à surpresa de Serena Williams (e Simona Halep) terem sido derrotadas na jornada de ontem e preencheu e muito as bancadas, as duas tenistas transalpinas jogavam pelas carreiras, pelo país, pela história. E a Itália sentia-o. Se a imprensa o publicava, o primeiro ministro do país, Matteo Renzi, demonstrava-o ao marcar um voo de última hora para Nova Iorque para poder assistir à final do US Open. Viu as suas compatriotas defenderem as cores verde, branca e vermelha da bandeira e no final juntou-se à fotografia ‘obrigatória’ nos balneários.
Foi e sempre será um dia histórico. Porque se Francesca Schiavone abriu as portas à grande glória da Itália no ténis dos últimos anos ao vencer Roland Garros em 2010, fora Pennetta a primeira jogadora do país a marcar presença no top10 mundial; agora, no seu palco preferido — aquele onde sempre se dera bem — pode respirar de alívio; amanhã não haverá mais pressão, não terá de fechar os olhos e pensar na final. O título está ganho e bem ganho, frente a uma Roberta Vinci que durante o primeiro set deu tudo o que tinha e o que já não tinha. Afinal, é preciso ter em conta que as duas jogadoras perderam o previsto dia de descanso de ontem devido à chuva que forçou ao adiamento das meias-finais; hoje, foi por pouco que a decisão não foi interrompida.
Se a chegada à final e a vitória foram surpreendentes… O que dizer do discurso?
Flavia Pennetta tem 33 anos, sim, é verdade, mas ninguém esperava que o fizesse hoje; não depois de jogar a sua primeira final de singulares em torneios do Grand Slam. Mas aconteceu. Depois de celebrar, abraçar Vinci à rede e de se juntar à compatriota nas cadeira das jogadoras enquanto esperavam pelo início da cerimónia, Pennetta discursou até que, a uma certa altura e já quando parecia preparar-se para terminar, surpreendeu o mundo do ténis. “Há mais uma coisa que quero dizer: este foi o meu último jogo em Nova Iorque.”
Bum, surpresa, as redes sociais explodem e o estádio deixa de saber como reagir. A jogadora que ali está, de troféu na mão e de sorriso bem grande, acaba de anunciar que não mais voltará ao torneio. É o seu adeus ao evento do Grand Slam que conquista. O final está perto, muito perto, como aliás confessa: a decisão tomada em Toronto — e que partilhou com Vinci enquanto estavam sentadas — é levada a cabo contra as expectativas da equipa (que, como Pennetta confessou, sabia mas não acreditava que fosse mesmo anunciada hoje) e dita que 2015 será a última temporada de Flavia Pennetta no ténis.