Quando, ainda antes do arranque do torneio, a final feminina esgotou primeiro do que a masculina pela primeira vez na história do US Open, todos esperavam ver Serena Williams a uma vitória do Calender Slam. Era um dos momentos — senão mesmo “o” momento — de toda a prova, aquele que todos queriam testemunhar; a norte-americana ia em busca do sonho de uma vida e nesta sexta-feira estava perto, muito perto. Mas duas italianas carismáticas, ‘amigas’ do público, destruíram o seu (e não só o seu) sonho para criar outros.
O ténis é feito de celebrações e desilusões, de surpresas e reações inesperadas; hoje, na primeira parte do dia e depois do adiamento dos encontros femininos do dia de ontem para o de hoje devido à forte chuva que se fez sentir em Nova Iorque, voltou a ‘chocar’ o mundo.
Tudo começou com o verdadeiro ‘arraso’ de Flavia Pennetta, a 26.ª cabeça de série, que sem precisar do seu tempo para ‘aquecer’ já em ritmo de jogo se ‘mostrou’ a Simona Halep, a segunda favorita. E não mais do que 59 minutos se passaram até que a italiana, habituada a bons resultados no complexo de Flushing Meadows, pudesse mesmo celebrar a vitória (6-1 6-3) 23 winners depois; mas que encontro! Com uma das melhores prestações da sua carreira, e já aos 33 anos, Pennetta apurou-se para a primeira final de singulares da sua carreira em torneios do Grand Slam.
Mas a grande surpresa do dia relativamente às meias-finais femininas — ou melhor, a todo o US Open — viria depois; se Halep ainda é ‘vulnerável’ nalguns momentos, em particular nas quatro maiores provas do calendário, ninguém esperava que Serena Williams cedesse perante à partida pouco temível Roberta Vinci. A simpática italiana, que já passou por Portugal, era a jogadora com menos currículo entre as semi-finalistas, a única não pré-designada e também aquela com o trabalho mais difícil.
Pela frente, Vinci, a número 43 do mundo tinha a líder do ranking mundial, a grande favorita do público, do mundo e, claro, a candidata ao Grand Slam de temporada, isto é, a conquistar todos os torneios Major em 2015. Steffi Graf fora a última a fazê-lo, em 1988, e assim continuará por pelo menos mais um ano, dado que a vantagem de um set conseguida por Serena Williams não foi suficiente para vencer.
A pressão, aquela que por diversas vezes confessara poder aparecer nas fases mais adiantadas do torneio, apareceu mesmo e foi ‘mortal’. Os winners continuaram ‘lá’ — apontou 50 — mas subiram os erros não forçados (40), e esses, esses!, foram determinantes no encontro. É que se Vinci só colocou 50% de primeiros serviços e apenas venceu 67% desses pontos, no capítulo dos erros a italiana cometeu apenas 20 e pôde assim dar-se ao luxo de até terminar o encontro que lhe deu a vitória mais importante da carreira até ao momento com menos pontos ganhos: venceu 85 contra os 93 de Williams. No final, os italianos puderam gritar Vini, vidi, Vinci!
Numa final inédita entre ambas, Flavia Pennetta e Roberta Vinci defenderão as duas as cores do seu país e uma coisa é certa: depois de Francesca Schiavone em 2010, na terra batida de Roland Garros, os italianos poderão voltar a celebrar a vitória de uma compatriota num torneio do Grand Slam em singulares.
A partir das 22h disputam-se as meias-finais masculinas; quanto à decisão feminina, continua agendada para o dia de amanhã, sábado.