No desporto há finais que ninguém merece perder. Finais que ambos merecem ganhar. Hoje em Wimbledon estava em jogo mais que um troféu. Tratava-se de escrever história. De um lado, o número um mundial, Novak Djokovic, um super-atleta, física e mentalmente fortíssimo, e praticamente invencível. Do outro lado, o número dois mundial, Roger Federer, para muitos o melhor jogador de todos os tempos, e que chegava à final depois duma das melhor exibições da sua carreira frente a Andy Murray nas meias-finais.
Mas é nos grandes momentos que os campeões mostram a sua força e esta tarde Novak Djokovic foi o melhor. Sem “ses” nem “mas”. Bastaram ao sérvio quatro sets para derrotar Federer, ao cabo de quase três horas, por 7-6(1), 6-7(10), 6-4 e 6-3. É o terceiro título de Novak Djokovic em Wimbledon (já tem tantos quanto o seu treinador Boris Becker), o seu 9º Grand Slam, e o sérvio promete não ficar por aqui.
E se antes da final se dizia que a chave do encontro seria o serviço de Roger Federer, Novak Djokovic provou que estavam errados. Foi a sua resposta ao serviço do suiço quem fez a diferença na final de hoje. Assim como o seu serviço, a sua pancada de direita, a esquerda… o sérvio fez tudo bem. Como é seu apanágio. E mesmo quando a partida pareceu fugir ao seu controle, no tiebreak do segundo set, Djokovic reagiu como só ele sabe fazer: à primeira oportunidade, virou o “tabuleiro” novamente a seu favor. Com ou sem glúten, fibra de campeão é coisa que não falta ao sérvio.
E Federer nem jogou mal. Acontece que Djokovic jogou melhor. Mais estatísticas: o suiço cometeu muitos erros (35 contra 16) e Djokovic soube aproveitá-los. Mérito dele que os força e os aproveita melhor do que ninguém. Federer entrou melhor, teve os primeiros set points do encontro, mas o sérvio resistiu e “roubou” o set a Federer no tiebreak. No segundo set inverteram-se os papéis. Djokovic liderou o tiebreak por 6-3, teve vários set points mas foi o suiço quem saiu vencedor do desempate. Pelo meio, o jogador suiço ainda produziu alguns pontos do outro mundo, para lembrar a todos que o campeonato dele é outro. Às vezes.
Por que durante esta quinzena foi Federer quem se exibiu num plano superior. Contudo, hoje, a história foi diferente. A sua prestação nas meias-finais diante de Murray roçou a perfeição, e era a perfeição que se exigia ao suiço na final de hoje para derrotar Djokovic e erguer o seu 8º troféu no All England Club. O suiço esteve perto, principalmente nos dois primeiros sets, mas não foi o suficiente. Federer não foi capaz de aproveitar o elã do segundo tiebreak e permitiu que Djokovic voltasse ao jogo no terceiro set. O sérvio nem pestanejou, fez o break cedo e “fugiu” com o set. E com o encontro. O quarto e último parcial foi quase uma cópia tirada a papel químico: break prematuro e “fuga” para a vitória do sérvio.
Com chuva pelo meio, mas sem cobertura, Novak Djokovic provou uma vez mais ser o melhor jogador do mundo e, por isso, foi dele, no fim, a taça mais cobiçada. Para o ano há mais.
“Game, set, match and championship, Mister Djokovic”.