Não fosse uma tempestade tardia e, por esta hora, poderíamos estar a noticiar o apuramento do segundo e último finalista do quadro principal de singulares masculinos de Roland Garros. Ou talvez não. O que é certo, agora e no final do 13º dia de ténis em Paris, é que há apenas um jogador apurado para a tão desejada final. Amanhã, às 13h locais, conhece-se o outro protagonista.
Ultrapassada uma das maiores barreiras da sua carreira, Roger Federer (esta é, aliás, a primeira e última vez que aqui se fala no suíço — com o contexto a ser dado mais à frente), nos quartos-de-final, Stanislas Wawrinka disputava hoje a quarta meia-final da sua carreira, um ano depois de ter caído à primeira no Major francês, o primeiro da sua carreira enquanto campeão de um. O desafio, claro, não era fácil — tinha pela frente o favorito do público, Jo-Wilfried Tsonga — mas uma vez mais o helvético de trinta anos mostrou-se capaz de quebrar barreiras.
Mais sólido na fase inicial do encontro, Wawrinka conseguiu contrariar a maré de apoio que se formava no Court Philippe Chatrier para se impor perante o poderio de um apagado e, mais uma vez, algo desapontante Tsonga. Tratava-se da sexta meia-final em Majors para o gaulês, a segunda em Paris, e uma vez mais falhou com o seu objetivo: 6-3 6-7(1) 7-6(3) 6-4 para o mais cotado dos dois jogadores.
Campeão do Australian Open em 2014, ano em que celebrou ainda as conquistas do Masters 1000 de Monte Carlo e da Taça Davis, Wawrinka sorriu, apontou para a cabeça e celebrou o histórico apuramento, que garante a presença de um tenista espanhol ou suíço na decisão do torneio nos últimos onze anos. Afinal de contas, Rafael Nadal e Roger Fed… Ergh, os dois, foram protagonistas da maioria das decisões de Roland Garros desde 2005. O helvético, não Wawrinka mas o ‘outro’, que perdeu nos quartos-de-final, já não está em Paris mas continua a ser tema de conversa e isso, claro, não agrada ao único sobrevivente dos dois, que aliás deixou a nota quando como primeira pergunta na conferência de imprensa de hoje foi confrontado com a hipótese de igualar os títulos do seu compatriota em Paris já no próximo domingo.
Ora, a energia que Jo-Wilfried Tsonga não teve durante a primeira meia-final teve Andy Murray no segundo e último encontro de singulares do dia. Não nos primeiros parciais, apáticos e de sentido único para Novak Djokovic, o número um mundial e apontado como principal candidato ao título, mas no terceiro e, vá lá, na primeira metade do quarto. O resultado? 6-3 6-3 5-7 3-3 para o sérvio quando o supervisor desceu ao court para anunciar aos jogadores que era esperada uma tempestade a qualquer instante. Os dois concordaram em adiar a decisão do encontro e, segundos depois, lá veio ela, a chuva.
O encontro foi jogado num verdadeiro contra-relógio. Iniciado por volta das 17h25 locais, era certo e sabido que, três horas depois, deixariam de existir condições para que se continuasse caso fosse necessário. Não houve enganos, claro, e desta vez não faltou apenas iluminação artificial (a dada altura Murray já se queixava ao árbitro das poucas condições restantes) mas também uma cobertura amovível que permitisse a ambos continuar o que começava a ser um encontro muito, muito equilibrado. Depois do domínio, em que Djokovic chegou mesmo a estar a um jogo (6-3 6-3 5-4) de fechar o embate, Murray ‘acordou’, venceu nove pontos consecutivos para salvar três pontos de break e conquistar a quebra de serviço em branco e adiar a decisão.
Tinha o ascendente. Não a liderança mas a vantagem mental e o apoio do público. Começou a ‘soltar’ as suas pancadas, a movimentar-se um pouco mais à semelhança dos últimos 15 encontros que realizou (e venceu — curiosamente, um registo igual ao de Djokovic) e entrou finalmente no marcador, o verdadeiro marcador. Mas o início do quarto set trouxe mais drama e o primeiro break foi mesmo para o sérvio, que no entanto não tardou a perder novamente a concentração e a vantagem. Estava tudo pronto para a fase mais emocionante do embate quando, previsivelmente, chegou a interrupção.
Das bancadas vieram assobios, claro, mas já não estavam reunidas as condições necessárias para que se continuasse o encontro. A saída dos jogadores provou-o e, segundos depois, chegou a chuva. O embate é retomado amanhã, às 13h locais, e às 15h joga-se pelo título feminino (Serena Williams vs. Lucie Safarova).