História. É difícil pensar numa outra palavra quando o que Kei Nishikori e Marin Cilic conseguiram hoje assume as devidas dimensões. Depois de uma vitória do ‘pequenino’ japonês perante o número um mundial Novak Djokovic, o croata surpreendeu o pentacampeão e ex-líder do ranking rumo à final de singulares do US Open. É a primeira vez em quase dez anos que o circuito masculino conta com uma final do Grand Slam disputada sem a presença de qualquer um dos Big Four.
Há um ano, Marin Cilic era forçado a acompanhar toda a acção dos courts de Flushing Meadows através de uma televisão após ter sido banido pela International Tennis Federation (ITF) por nove meses como consequência a um controlo de drogas positivo. Hoje, sobreviveu ao teste mais importante da sua carreira e garantiu presença numa inédita final de um dos quatro torneios mais importantes da modalidade. 6-3 6-4 6-4, tão limpo quanto isso frente ao rei de Nova Iorque.
Dominador do início ao fim. Implacável. Quem o viu diz que não parecia estar a poucos minutos de chegar à sua primeira final. Hoje, Marin Cilic parecia um autêntico veterano nestas andanças e foi assim que bateu Roger Federer, um dos principais favoritos e ainda mais ‘querido’ por todos após o desaire surpreende de Novak Djokovic. Não houve espaço para manobras de recuperação: Cilic apontou 43 winners contra apenas 23 erros não forçados e converteu quatro break points. Salvou um dos dois que enfrentou. Foi, simplesmente, o mais forte em campo.
Voltamos ao começo: história, históricos. Com os triunfos de hoje, Marin Cilic e Kei Nishikori garantem aquela que será a primeira final de quadros principais de singulares masculinos de torneios do Grand Slam desde o Australian Open 2005 (Marin Safin v Lleyton Hewitt) sem a presença de Federer, Nadal, Djokovic ou Murray. É, também e porque gostamos de números, a primeira entre dois jogadores que estão fora do top10 mundial desde Roland Garros 2002 (Juan Carlos Ferrero e Albert Costa) e ainda a primeira decisão que Nova Iorque vê desde 2003 sem Federer, Nadal ou Djokovic — na altura, Andy Roddick derrotou Juan Carlos Ferrero.
Mas voltemos a Cilic e Nishikori propriamente falados. Estão ambos na sua primeira final, estão ambos a um triunfo de fazer história. Apoiados em Goran Ivanisevic e Michael Chang, que tanto lhes deram nos últimos meses. Dizem os registos que Cilic (agora número 16, em 2010 #9) venceu apenas dois dos sete encontros jogados frente a Nishikori (hoje número 11, há meses 9º colocado). Em Nova Iorque as vitórias dividem-se: uma para o croata em 2012, outra para o japonês em 2010.