ARTIGO ESCRITO POR GASPAR LANÇA PARA REGISTO PESSOAL A 24.06.2013 E PUBLICADO PELA PRIMEIRA VEZ NO TÉNIS PORTUGAL A 11.08.2013 (TENDO A DATA SIDO POSTERIORMENTE ALTERADA PARA A DA SUA ESCRITA).
Poder de Azarenka travou estreante Koehler
0Sorteado o quadro principal de singulares femininos, Maria João Koehler sabia que não ia ter tarefa fácil pela frente na sua estreia em Wimbledon, depois de em 2012 (na sua primeira deslocação a Londres tendo em vista a participação no torneio) ter sido derrotada na segunda ronda da fase de qualificação.
Victoria Azarenka, ex-número um mundial e vencedora das duas últimas edições do Australian Open (a que se adiciona ainda o vice-campeonato no último US Open), era a sua adversária e como tal o encontro seria disputado num dos maiores courts do All England Lawn Tennis and Croquet Club. O Court 1 foi o escolhido para o duelo entre a número um bielorrussa e a número um portuguesa, que procura chegar pela primeira vez ao top100 mundial.
Apesar de já contar com dois encontros frente a jogadoras que passaram pelo primeiro lugar do ranking (perdeu para Kim Clijsters na primeira ronda do Australian Open 2012 e para Jelena Jankovic na segunda ronda do mesmo torneio na presente temporada), a tenista portuense de vinte anos não tinha muitas referências em que se basear quando entrou no segundo maior court do complexo britânico, repleto de espectadores que ouviam pela primeira vez o seu nome e cujo apoio era maioritariamente dirigido à bielorrussa. Defrontar uma jogadora de topo nunca é tarefa fácil, como a própria afirmou mais tarde: “Estava um bocadinho nervosa no início mas é normal. Sentia-me bem e estava mentalizada porque sabia que iria ser um encontro muito duro”, razão pela qual escolheu começar a responder, de forma a tentar chegar ao break inicial.
Koehler esteve perto. Venceu três dos primeiros quatro pontos para chegar aos break points, com Azarenka a mostrar-se algo fresca no serviço, mas acabou por não conseguir convertê-los e o primeiro (e único) break para o lado da portuguesa apenas chegaria no segundo set, já depois da aparatosa queda de Azarenka, que transmitiu todo o pânico sofrido através de gritos e lágrimas. Gastão Elias, João Sousa, respectivos treinadores e alguns jornalistas da imprensa portuguesa marcavam presença no camarote de Koehler, mesmo ao lado do mediático Red Foo – sempre presente para apoiar a sua namorada – e tiveram vista privilegiada para o momento mais preocupante do dia, que por pouco não forçou a bielorrussa a desistir.
Ponto após ponto, o objectivo era claro: Koehler tinha de movimentar a sua adversária ao máximo para aproveitar uma eventual lesão no seu joelho. Claro, não fácil de realizar. Mesmo lesionada, foi Azarenka quem forçou a adversária à movimentação, continuando a executar pancadas potentes e profundas para, ao cabo de cerca de uma hora e meia de jogo, confirmar a vitória por 6-1 6-2. “Perdi o primeiro set por 6-1 mas tive diversas oportunidades para concluir jogos a meu favor e no segundo set também houve vários jogos discutidos nas vantagens (…), estava mais solta, criei-lhe dificuldades e o resultado não corresponde ao que foi o encontro”, confessou Maria João em declarações após a sua estreia no quadro principal de Wimbledon.
Para trás fica a participação no seu terceiro torneio do Grand Slam da temporada, algo que nunca havia conseguido, pelo que um dos grandes objectivos para o segundo semestre da época é garantir o inédito apuramento para o US Open, depois de em 2011 e 2012 ter sido derrotada no qualifying. Afinal, Koehler pretende continuar a jogar torneios de nível muito elevado, como fez questão de afirmar para concluir as declarações dadas.
Fotografia de saul1333 gentilmente cedida ao Ténis Portugal.