Andy Murray é o novo campeão do US Open. Aos vinte e cinco anos, o jogador britânico colocou um fim à maldição e venceu o seu primeiro título do Grand Slam (e também da Grã-Bretanha nos últimos setenta e cinco anos), ao derrotar na final do torneio norte-americano o sérvio Novak Djokovic após cinco partidas, num dia muito ventoso e que acaba por marcar o início de uma nova era: a de Murray que, após Londres’12, inscreve uma vez mais o seu nome na história.
US Open 2008, Australian Open 2010 e 2011 e Wimbledon 2012 foram os torneios onde Murray atingiu a final, mas o dia 10 de setembro de 2012 ficará para sempre marcado como aquele em que venceu o seu primeiro torneio do Grand Slam, depois de quatro finais perdidas, derrotando Novak Djokovic pelos parciais de 7-6(10) 7-5 2-6 3-6 6-2, ao cabo de quatro horas e cinquenta e quatro minutos de jogo.
O britânico, medalhista de ouro em Londres há menos de dois meses, conseguiu conjugar melhor o vento que o sérvio Novak Djokovic (campeão em 2011 e segundo cabeça de série) e chegou mesmo à vantagem de dois sets a zero pela primeira vez na sua carreira em finais major. Bem encaminhado para a vitória, o terceiro cabeça de série não conseguiu impedir uma reação de Novak Djokovic, que viria mesmo a alcançar a igualdade.
Num jogo nem sempre bem disputado, que contou com muito vento e muitos erros directos (só à quarta partida um jogador, no caso Novak Djokovic, conseguiu alinhar mais pontos ganhantes que erros não forçados) foi Murray quem tomou o ascendente na derradeira partida, adiantando-se rapidamente com dois breaks de vantagem, mas mais uma vez o sérvio – que este ano venceu o Australian Open e chegou à final em Paris – reagiu. Tudo parecia encaminhar-se para mais uma recuperação total, mas o número três mundial – com a chegada às últimas rondas em Nova Iorque, Murray garantiu a ultrapassagem a Rafael Nadal no ranking – não se deu por vencido e deu tudo por tudo para erguer pela primeira vez o troféu de campeão. E assim foi, no seu major preferido.
Estatísticas do encontro:
[3] Andy Murray: 5 ases, 4 duplas faltas, 65% de primeiros serviços colocados (62% desses pontos ganhos), 16 de 24 pontos ganhos na rede, 8 de 17 break points convertidos, 31 winners, 56 erros não forçados, 160 pontos ganhos no total.
[2] Novak Djokovic: 7 ases, 5 duplas faltas, 62% de primeiros serviços colocados (62% desses pontos ganhos), 39 de 56 pontos ganhos na rede, 9 de 18 break points convertidos, 40 winners, 65 erros não forçados, 155 pontos ganhos no total.
Desde o Australian Open de 2005 (ganho pelo russo Marat Safin) que apenas um jogador tinha vencido um torneio do Grand Slam que não Roger Federer, Rafael Nadal ou Novak Djokovic – na altura Juan Martin del Potro, em 2009, precisamente em Flushing Meadows. Agora, com os quatro primeiros do ranking mundial com títulos major conquistados, estará aberto um novo capítulo? Apenas o tempo o dirá. Para já, o novo campeão do US Open (treinado por Ivan Lendl, que que também havia perdido quatro finais do Grand Slam antes de partir para oito títulos) está claramente satisfeito: “É incrível, depois do terceiro e do quarto set foi muito difícil, o Djokovic luta muito, em todos os jogos, e foi um jogo muito difícil mentalmente, com condições muito traiçoeiras, mas consegui sair por cima.” O britânico falou ainda de todo o apoio do seu treinador, Ivan Lendl, e da restante entourage: “É um dos melhores jogadores de sempre, disputou oito finais consecutivas aqui e estou muito feliz por contar com ele e com os restantes membros da equipa, muito obrigado a todos.”
Já Novak Djokovic, que perdeu a possibilidade de revalidar o título em Nova Iorque, congrastulou desde logo o seu velho amigo de infância: “Quero dar os parabéns ao Andy, ele merece conquistar aqui o seu primeiro título do Grand Slam, e claro a toda a equipa dele, este também é um resultado deles. Quero agradecer à minha família, à minha equipa, aos meus pais, dei o meu melhor e foi mais um grande jogo que disputei, muito obrigado a todos por ficarem até ao último momento, foi incrível.”
Com a derrota na final, Novak Djokovic perderá 800 pontos no ranking mundial masculino (enquanto Roger Federer, derrotado nos quartos-de-final, somou menos 360 que na edição transacta), pelo que o suíço consolidará ainda mais o estatuto de número um. Já Murray ultrapassará Rafael Nadal, ficando mais perto de voltar o segundo lugar, que atingiu em 2009.
É ainda de destacar que a temporada de Grand Slams em 2012 chega ao fim com um título conquistado por cada jogador do top4 mundial: Australian Open por Novak Djokovic, Roland Garros por Rafael Nadal, Wimbledon por Roger Federer e US Open por Andy Murray, não esquecendo que o escocês levou ainda a melhor nos Jogos Olímpicos. Com a segunda temporada de piso rápido pela frente, os jogadores procurarão agora amealhar o máximo de pontos possíveis até ao torneio de encerramento, o ATP World Tour Finals.