‘É meu!’, ‘não, meu!’. Pela terceira vez na história, Novak Djokovic e Andy Murray, dois amigos de infância, separados por apenas uma semana no calendário, enfrentavam-se na grande decisão do Australian Open. Era uma das finais mais aguardadas e também uma das mais mediáticas, que depois de um começo fulminante viu o número um mundial partir para a vitória e… Números recorde.
Em Melbourne Park, já se sabe, finais de singulares são para ser jogadas em sessões noturnas e assim foi. Sob os holofotes da Rod Laver Arena, que depois de um típico dia de verão com chuva via a sua cobertura ser recolhida, foi Kim Sears — a noiva de Andy Murray — a primeira protagonista de uma das melhores noites de todo o evento. Para o camarote, levava uma t-shirt preta com a frase ‘Parental Advisory | Explicit Content’, fazendo alusão bem humorística ao palavreado menos ‘apropriado’ ao horário nobre que foi apanhada a exprimir durante o encontro das meias-finais.
Uma das fotografias que fica para a história desta final (e edição) do @AustralianOpen: Kim Sears e a sua camisola pic.twitter.com/t5Q4cp4z38— Ténis Portugal (@TenisPortugal) 1 fevereiro 2015
As redes sociais apropriavam-se das fotografias, Sears chegava a trending topic mundial no Twitter e a final ainda mal começara. Mas o que entretanto Novak Djokovic e Andy Murray começaram a pintar era digno de maior destaque: frente-a-frente, a par e passo em todos os pontos, o sérvio e o britânico lutaram por cada pancada como se fosse decisiva. Prova disso foram os muitos pontos merecedores de standing ovations e… as 2h32′ necessárias para se concluírem as duas primeiras partidas, uma para cada jogador com dois tiebreaks a serem disputados.
O que ao equilíbrio do primeiro par de parciais se seguia era um verdadeiro contra-maré no encontro e na esperança de todos os milhares de espetadores presentes nas bancadas e aqueles que, um pouco por todo o mundo, assistiam entusiasmados ao encontro e desejavam uma quinta partida: Andy Murray, até então protagonista da maior parte das iniciativas ofensivas do duelo, ‘desligou’ e permitiu a Novak Djokovic reentrar numa luta que por momentos pareceu perdida. O público, esse, estava maioritariamente pelo escocês, mas rapidamente cedeu à grande recuperação do número um mundial, agora pentacampeão da prova: game, set, match and championship, 7-6(5) 6-7(4) 6-3 6-0.
Foi a primeira final da história das decisões masculinas no Australian Open a terminar com um bagel (termo utilizado na gíria para descrever o 6-0) e foi a final que permitiu a Novak Djokovic somar um inédito quinto título no torneio na Era Open, ultrapassando assim Roger Federer e André Agassi — ambos com quatro. Mas os australianos não esquecem os seus e, se na cerimónia feminina foi lembrada Margaret Court, na masculina marcou presença Roy Emerson, aquele que, até à data — em Era Open ou não — levantou por mais vezes o troféu de campeão da prova: 6.
E assim, enquanto lhe era entregue o troféu, Novak Djokovic via ser-lhe colocado o seu próximo desafio na terra dos cangurus: saltar para o topo da lista de campeões da prova, não dando mais azo a discussões sobre o período em que os profissionais não eram autorizados a competir nos torneios do Grand Slam. Quanto a Andy Murray, que há quinze meses passou por uma complicada intervenção cirúrgica nas costas, disputou a sua primeira final em Majors desde que venceu Wimbledon, em 2013, e promete voltar mais forte. Afinal, quatro troféus de vice-campeão não lhe chegam: “Quero vencer este torneio.”
Fez-se história em Melbourne [Getty Images] pic.twitter.com/1iAfNqNOhP— Ténis Portugal (@TenisPortugal) 1 fevereiro 2015