Já dizia o ditado. E será certamente essa a mentalidade de Novak Djokovic e Andy Murray, os dois jogadores apurados para a grande decisão da edição de 2015 do Australian Open, na noite de domingo (manhã em Portugal), quando pisarem a Rod Laver Arena para disputarem uma final que os dois bem conhecem. A amizade pára ali, à entrada para o court, e só mais tarde é retomada. Há um encontro para ser ganho.
Tudo porque esta sexta-feira Novak Djokovic e Stanislas Wawrinka subiram ao court principal de Melbourne Park para, pelo terceiro ano consecutivo, se defrontarem. Estava em jogo um lugar na grande final. O duelo não foi o que todos esperávamos, uma batalha intensa de winners atrás de winners (pelo contrário, foram apenas 27 do sérvio e 42 do suíço, contra 49 e 69 erros não forçados, respetivamente). Não foi um verdadeiro espéctaculo nem tão pouco uma aproximação aos contornos dos anos anteriores: em 2013, o quinto set prolongou-se até ao 12-10 para Novak; em 2014, terminou com 9-7 a favor de Stan; este ano… 6-0 para o número um mundial.
Mas os dois jogadores lá caminharam, em campo por cerca de três horas e meia, até um desfecho: longe do esperado pelos milhares de espetadores presentes, certamente longe dos níveis exibicionais que almejavam alcançar, mas lá chegaram — 7-6(1) 3-6 6-4 4-6 6-0 para Novak Djokovic, num verdadeiro ‘tu cá, tu lá’ entre os parciais.
Desencontrados, desconcentrados e tensos. As expectativas não foram correspondidas mas o espectáculo lá avançou, sempre com um domínio inicial do número um que, depois, permitia uma recuperação do campeão em título, hoje menos eficaz com a sua elegante esquerda a uma mão. Mas não foram os únicos: também os juízes de linha, espalhados por todo o campo, viveram um dia menos feliz ao errar inúmeras chamadas e dar origem a ‘desafios’ eletrónicos que num outro encontro, numa outra circunstância, teriam sido evitados.
E agora? Uma final para disputar, a quinta de Novak Djokovic em Melbourne Park, onde venceu sempre que se encontrou a um triunfo do troféu — em 2008, frente a Tsonga; em 2012, frente a Nadal, e, claro, 2011 e 2013 contra Andy Murray, um dos seus melhores amigos no circuito.
Mas amigos, amigos… Negócios à parte, já dizia o ditado. E aqui, Murray — o jogador que se tem vindo a apresentar ao melhor nível em toda a prova — quererá fazer valer as suas melhorias e ensinamentos de Amélie Mauresmo para, por fim, colocar um ponto final na senda de derrotas em decisões australianas. Afinal, motivação não lhe falta: é a sua primeira final num torneio do Grand Slam desde que venceu Wimbledon em 2013. Conseguirá fazê-lo? Só o tempo o dirá… Faltam dois dias!