A centésima edição do Australian Open deu-se hoje por terminada. Uma edição repleta de emoção e de excelentes momentos de ténis proporcionados pelos melhores jogadores do mundo.
O claro destaque de hoje foi a final masculina e, diga-se, que final. O número um mundial, Novak Djokovic, frente ao número dois mundial, Rafael Nadal. Os dois jogadores acumulavam já bastante desgaste de jogos muito intensos nas rondas anteriores, mas não foi por aí que deixou de haver espetáculo.
Depois de quase 5 horas para conseguir derrotar Andy Murray nas meias-finais da competição, o sérvio Novak Djokovic partia ainda assim favorito para o encontro, visto que consegue lidar e contrariar muito bem com o top spin que Rafael Nadal coloca. Mas a combatividade do espanhol levou a um espetáculo de quase 6 horas, com os dois atletas a parecerem, por vezes, sobre-humanos e atingirem os seus limites.
Talvez devido ao favoritismo que sentia e graças à necessidade em conseguir vencer rapidamente devido à fadiga, Novak Djokovic entrou bastante tenso no encontro, falhando bolas teoricamente fáceis e cometendo vários erros não forçados. Apesar disso conseguia forçar Nadal deslocar-se no fundo do court, mas o espanhol continuou a lutar e conseguiu o break, adiantando-se para 4-3.
A servir para confirmar o break conseguido anteriormente, Rafael Nadal claudicou e permitiu que Novak Djokovic recuperasse e conseguisse fazer o 4 igual. Mas o sérvio continuou a cometer erros fáceis em momentos decisivos e permitiu que Nadal voltasse a conseguir fazer o break e adiantar-se para 6-5. A servir para o primeiro parcial, Nadal salvou break points e acabou por conseguir fechar e vencer por 7-5.
Desejando sempre um encontro rápido, Novak Djokovic conseguiu aliviar um pouco a pressão na segunda partida, começando a mostrar as fantásticas acelerações a que já nos habituou. O sérvio parecia imparável rumo à conquista do segundo set, adiantando-se até 5-2 com tremenda facilidade, sem que Nadal conseguisse contrariar as armas de Djokovic.
Mas como já nos mostrou por diversas ocasiões, Rafael Nadal não se dá por vencido e conseguiu recuperar de uma maneira fantástica o break de atraso mas, a 4-5 e quando servia para igualar o parcial, incrivelmente o espanhol cedeu novamente um break e, consequentemente, o set, com uma dupla falta.
Depois de perder o segundo parcial de uma maneira muito ‘dura’ psicologicamente, Rafael Nadal baixou novamente os seus índices, permitindo a Novak Djokovic impor o seu jogo com facilidade. A terceira partida acabou mesmo por ser a menos intensa de todas, na qual o espanhol praticamente abdicou da vitória na mesma. O número um mundial aproveitou e venceu por 6-2.
O equilíbrio regressou no quarto parcial. Apesar de Novak Djokovic continuar a controlar os pontos com a sua consistente agressividade, Rafael Nadal fez questão de entregar menos pontos ao sérvio, tentando prolongar ao máximo os mesmo, de forma a desgastar Djokovic.
Com uma excelente percentagem de primeiros serviços colocados, Rafael Nadal conseguiu manter o jogo empatado até ao 4-4. Aí, Djokovic forçou a tentativa de break e rapidamente teve ao seu dispor três pontos de break. Mas a garra e o espírito de combatividade de Nadal voltou a ser visível, com o espanhol a conseguir ganhar 5 pontos seguidos e fechar o seu jogo de serviço.
Depois desta grande recuperação e de um grande festejo de alívio do espanhol, Rafael Nadal, a chuva fez-se sentir no Rod Laver Arena e o teto amovível, que já estava semi-fechado, teve que ser fechado completamente, sendo que o campo foi também seco.
De seguida e quando os jogadores regressaram ao campo, tanto Djokovic como Nadal seguraram os seus jogos de serviço levando o encontro ao tie-break. Nesse mesmo tie-break foi notória a necessidade de Djokovic em vencê-lo e o sérvio até se adiantou no marcador, mas Rafael Nadal conseguiu ser mais agressivo e conquistar o quarto set no tie-break por 7-5.
Já com quase cinco horas e ainda nem tinhas iniciado a quinta partida, o duelo entre estes dois grandes jogadores tornou-se ainda mais físico, com Djokovic a ameaçar por diversas vezes a presença de cãibras. Nadal parecia melhor fisicamente e confirmou isso mesmo quando conseguiu fazer o break no serviço do sérvio e adiantar-se para 4-2.
Só que Novak Djokovic aumentou a agressividade nas suas bolas para compensar uma deslocação de pernas mais deficientes e conseguiu continuar a desgastar o espanhol e, incrivelmente, ‘renasceu das cinzas’ e recuperou o break de atraso e segurou o seu serviço, empatando a 4.
Rafael Nadal também já começava a acusar a fadiga de praticamente 6 horas de encontro e deixou de conseguir colocar tantos primeiros serviços e de ser tão agressivo. O espanhol pagou bem caro e sofreu o break, deixando o sérvio a servir para o encontro a 6-5.
Quando Nadal parecia já não ter qualquer tipo de forças para reagir, foi capaz de lutar bastante no jogo de serviço do sérvio e dispôs até de um break point, que não concretizou. Novak Djokovic conseguiu dar a voltar ao jogo e acabou mesmo por confirmar uma fantástica vitória ao fim de quase 6 horas pelos parciais de 5-76-4 6-2 6-7(5) 6-4.
Esta foi a final mais longa de sempre num Grand Slam desde que existe a Era Open, para além de este ter sido o encontro mais longo que já alguma vez existiu no Australian Open. Vários recordes foram batidos, mas o campeão Novak Djokovic no final fez questão de referir que “fomos nós os dois que fizemos história”.